ABCD: Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (Sep 2009)
Uso de fator VII recombinante ativado para tratamento e profilaxia de grandes sangramentos Use of recombinant activated factor VII for treatment and prophylaxis of major bleeding
Abstract
INTRODUÇÃO: O fator VII recombinante ativado (rFVIIa) é uma proteína produzida por engenharia genética, cuja estrutura é muito semelhante à do fator VII intrínseco ativado (FVII). Sua ação se baseia no conhecimento do mecanismo de coagulação in vivo agindo na ativação direta do fator X resultando em formação independente de trombina no local da lesão e contribuindo dessa forma para formação de coágulo estável de fibrina sem a ação dos fatores VIII e IX. MÉTODOS: Foi realizada ampla revisão da literatura com o objetivo de determinar os achados recentes relacionados ao uso de fator VII recombinante ativado em pacientes com sangramento severo. RESULTADOS: Constatou-se que o uso de rFVIIa foi iniciado na década de 80 para profilaxia e tratamento de sangramento em pacientes com antecedente de hemofilia A ou B com inibidores de fator VIII e IX, deficiência de fator VII e trombastenia de Glanzmann refratários à reposição plaquetária. Em 1999 seu uso foi ampliado para outras situações clínicas e dessa forma, começaram a ser publicados diversos trabalhos mostrando a eficácia do rFVIIa como agente pró-hemostático em paciente com outras coagulopatias ou pacientes previamente hígidos com história de sangramento agudo de grande monta. Trauma é a principal causa de mortalidade no mundo sendo sangramento incontrolado o principal desafio no atendimento a estes pacientes. É comum a associação de trauma com coagulopatia, necessitando em algumas situações de terapia específica para o tratamento da mesma. Neste momento a terapia adjuvante com rFVIIa deve ser considerada. Outras causas comuns de sangramento são as operações cardíacas e ginecológicas/ obstétricas e doenças envolvendo o fígado. A coagulopatia nesses casos ocorre por deficiência dos fatores dependentes de vitamina K, sendo o FVII o com menor meia-vida. CONCLUSÃO: O uso de rFVIIa tem sido sugerido como opção terapêutica promissora para esses pacientes. Dessa forma, o recente aumento do uso de rFVIIa em situações ainda não aprovadas levou ao crescente questionamento sobre eficácia e segurança desta específica medicação em tais situações.INTRODUCTION: Recombinant activated factor VII (rFVIIa) is a protein produced by genetic engineering, the structure is very similar to the structure of intrinsic activated factor VII (FVII). Its action is based on knowledge of the coagulation mechanism in vivo by acting in direct activation of factor X independent resulting in formation of thrombin at the injury site and thereby contributing to the formation of stable fibrin clots without the action of factor VIII and factor IX. METHODS: Was conducted extensive review of the literature in order to determine the new findings related to the use of recombinant activated factor VII in patients with severe bleeding. RESULTS: It was found that the use of rFVIIa started in the 80's for prophylaxis and treatment of bleeding in patients with a history of hemophilia A or B with inhibitors to factor VIII and IX, factor VII deficiency and Glanzmann's thrombasthenia refractory to replacement platelet. In 1999 its use was expanded to other clinical situations and thus began to be published several studies showing the efficacy of rFVIIa as a pro-hemostatic agent in patients with bleeding disorders or other previously healthy patients with a history of acute bleeding of major consequence. Trauma is the leading cause of mortality worldwide and uncontrolled bleeding the main challenge in caring for these patients. It is common for the association of trauma with coagulopathy, requiring in some cases specific therapy to treat it. At this point in adjuvant therapy with rFVIIa should be considered. Other common causes of bleeding are the heart, gynecologic/obstetric surgeries and diseases involving the liver. The coagulopathy in these cases is deficiency of factors dependent on vitamin K, and the FVII factor with smaller half life. CONCLUSION: The use of rFVIIa has been suggested as a promising therapeutic option for these patients. Thus, the recent increase in the use of rFVIIa in situations not approved has led to growing questions about efficacy and safety of this specific medication in such situations.
Keywords