Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

PROTOCOLO DE ANTICOAGULAÇÃO EM PACIENTES COM DOENÇA DE CUSHING

  • ACKVD Nascimento,
  • CAN Baptista,
  • D Zahr,
  • NA Cançado,
  • JVL Junior

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S617

Abstract

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Objetivo: Instituir e avaliar o Protocolo de Anticoagulação para pacientes com Doença de Cushing submetidos à Cirurgia Transesfenoidal, realizado em conjunto às equipes de Endocrinologia e Hematologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, para redução de eventos tromboembólicos e mortalidade no pós-operatório. Metodologia: Estudo prospectivo, intervencionista, realizado durante o período de março de 2022 a janeiro de 2024, para avaliar as características pré-operatórias e os eventos de Tromboembolismo Venoso (TEV) ou hemorragias pós-operatórias da Cirurgia Transesfenoidal (CTE) em pacientes com Doença de Cushing (DC) em comparação aos portadores de Adenoma Hipofisário Não Funcionante (AHNF). Foram analisados diversos parâmetros clínicos e laboratoriais antes da cirurgia, como dados antropométricos, antecedente trombótico e testes de hemostasia e trombofilia. No grupo de DC foi introduzida enoxaparina em dose profilática a partir de 12 horas após o término da cirurgia e aumentada para dose terapêutica em 48h de pós-operatório e na ausência de sangramentos. A anticoagulação foi transicionada para oral e mantida por 90 dias neste grupo No grupo AHNF, em 36h a 48h foi iniciada dose profilática. Durante todo o período de observação houve acompanhamento de eventos trombóticos ou hremorrágicos. Resultados: Foram analisados 26 pacientes com DC e 18 com AHNF, totalizando 44 pacientes. Destes, apenas 1 (3,8%) apresentou TEV. Este paciente, do grupo de DC e apresentava antecedente de trombose venosa prévia à cirurgia e já estava em uso de anticoagulação plena. Nenhum evento de trombose ocorreu no grupo AHNF. Não foi observado nenhum evento de hemorragia relevante em ambos os grupos. Não houve diferença estatística significante. Discussão: A Síndrome de Cushing (SC) está associada ao aumento da morbidade e mortalidade, principalmente, decorrentes de complicações cardiovasculares, além de tromboembolismo venoso. Em nosso serviço, observamos frequência expressiva de complicações tromboembólicas nos pacientes com adenoma hipofisário funcionantes relacionados ao período peri-operatório. Não há consenso na literatura sobre o melhor esquema de tromboprofilaxia, dados os riscos relacionados à complicação hemorrágica após procedimento invasivo em sistema nervoso central e à morbidade relacionada a complicação trombótica neste período. A aplicação de terapia anticoagulante de início precoce e doses terapêuticas mostrou resultados semelhantes tanto de eficácia quanto de segurança quando comparado ao do grupo portador de adenoma não funcionante, com menor risco trombótico.