Revista Iberoamericana de Educación (Nov 2009)
Novas relações do mundo do trabalho: implicações para a educação escolar e para a classe trabalhadora
Abstract
Tomando como base as transformações do mundo do trabalho, a partir da crise do modelo de produção fordista/taylorista, este artigo objetiva discutir de que forma a nova morfologia do mundo do trabalho interfere na constituição da classe trabalhadora e, consequentemente, nas determinações de mudanças para a educação escolar. O estudo ancora-se em uma compreensão dialética dos fatos, partindo do entendimento de que as dimensões econômicas, científicas, técnicas e políticas da educação se edificam de forma articulada ao mundo do trabalho e, ao se constituírem numa sociedade de classes, entrelaçam-se em meio a contradições, conflitos, antagonismos e disputas. Diante da crise do modelo fordista/taylorista, o desenvolvimento tecnológico impõe-se como um importante instrumento de organização do trabalho, pelo qual o capital passa a organizar-se através do modelo de acumulação flexível, exigindo um novo perfil de trabalhador, contemplando uma formação polivalente e mais intelectualizada. Nesta perspectiva, o trabalho repetitivo torna-se ultrapassado como padrão de referência à produção capitalista, dando espaço às novas formas de trabalho, que se intercalam e se somam como força produtiva, sem perder, no entanto, sua centralidade como organizador social. Perante esta realidade, depreende-se que tanto a escola, diante das determinações das políticas educacionais, como a classe trabalhadora estão em crise. A escola, porque fragilizada em sua condição de integração ou de recusa às determinações capitalistas; a classe trabalhadora, porque desarticulada diante da reorganização das relações de trabalho. Ambas, encontram-se ante a necessidade de ressignificar sua identidade e suas estratégias de luta política.