Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

O BRINCAR COMO FORMA INTERVENTIVA NA PRÁTICA DA PSICO-ONCOLOGIA PEDIÁTRICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA ATRAVÉS DA ANÁLISE DO DESENHO

  • MN Alcântara,
  • AS Gomes,
  • TCC Fonseca,
  • RQ Póvoas

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S1203 – S1204

Abstract

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Introdução: Estudos indicam que a hospitalização pode afetar o desenvolvimento da criança, interferindo na qualidade de vida. Para lidar com essa situação, o brincar tem funcionado como estratégia de enfrentamento. Procurando-se avaliar a importância do brincar pela criança e caracterizar atividades lúdicas possíveis na casa de apoio, o voluntariado tem um papel fundamental na continuidade escolar de crianças e adolescentes que enfrentam a evasão escolar durante o tratamento oncológico. Este ambiente acolhedor ajuda a minimizar os efeitos adversos do tratamento, proporcionando um espaço onde crianças e adolescentes aprendem com as intervenções a expressar suas emoções, fortalecendo sua resiliência e esperança. Deste modo, o desenho infantil representa o produto de uma estética particular, sendo considerado como a expressão do modo como a criança percebe e compreende o mundo. Assim, valoriza todas as relações que se determinam entre a totalidade psíquica da criança e adolescente, emocional ou intelectual no processo de maturação, e seu meio social e cultural, envolvendo também a educação sistemática a que se submeteu. O instrumento mostrou que o brincar pode ser um recurso adequado para a adaptação infanto-juvenil hospitalizada, permitindo personalizar a intervenção. Objetivo: O objetivo do estudo é avaliar a importância do brincar como intervenção terapêutica, na psico-oncologia pediátrica. Material e métodos: A atuação voluntária iniciou-se com a contação de histórias, seguida pela criação de histórias em quadrinhos pelos pacientes. Técnicas de observação e escuta ativa foram aplicadas para estabelecer um vínculo significativo com os pacientes. A partir da fala livre e da explicação do desenho, foi possível promover a expressão emocional e a resiliência. Resultados: A análise dos desenhos em quadrinhos revelou que crianças e adolescentes estavam dispostos a compartilhar suas experiências de vida antes e após o diagnóstico. Os desenhos evidenciaram a importância atribuída a esses momentos, refletindo em suas falas e na relação com suas vivências. A criação das histórias em quadrinhos mostrou-se particularmente significativa, revelando aumento na resiliência e na capacidade de enfrentar dificuldades, destacando a força e determinação dos jovens. A seguir, um dos exemplos de desenhos em quadrinhos criado por um dos adolescentes, acompanhados por uma voluntária estudante de psicologia. Relato de Adolescente, 14 Anos: “Na minha história em quadrinhos, eu descrevo uma das cenas mais importantes, em que o personagem encontra um meteoro, se transforma e ganha superpoderes. Antes do tratamento, eu era diferente, mas agora estou mais forte”. Conclusão: A partir desta experiência, vemos a necessidade de implementar momentos regulares de intervenções terapêuticas dentro da casa de apoio. Essas intervenções devem ser direcionadas em conformidade com as demandas identificadas pela instituição, ajudando ainda mais a resiliência emocional e o enfrentamento dos pacientes. O uso do brincar e da expressão através do desenho, mostrou-se uma ferramenta eficaz na prática da psico-oncologia pediátrica, facilitando a comunicação e o desenvolvimento emocional de crianças e adolescentes no tratamento oncológico.