Revista Brasileira de Epidemiologia ()

Principais causas da mortalidade na infância no Brasil, em 1990 e 2015: estimativas do estudo de Carga Global de Doença

  • Elisabeth Barboza França,
  • Sônia Lansky,
  • Maria Albertina Santiago Rego,
  • Deborah Carvalho Malta,
  • Julia Santiago França,
  • Renato Teixeira,
  • Denise Porto,
  • Marcia Furquim de Almeida,
  • Maria de Fatima Marinho de Souza,
  • Célia Landman Szwarcwald,
  • Meghan Mooney,
  • Mohsen Naghavi,
  • Ana Maria Nogales Vasconcelos

DOI
https://doi.org/10.1590/1980-5497201700050005
Journal volume & issue
Vol. 20, no. suppl 1
pp. 46 – 60

Abstract

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RESUMO: Objetivo: Analisar as taxas de mortalidade e as principais causas de morte na infância no Brasil e estados, entre 1990 e 2015, utilizando estimativas do estudo Carga Global de Doença (Global Burden of Disease - GBD) 2015. Métodos: As fontes de dados foram óbitos e nascimentos estimados com base nos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), censos e pesquisas. Foram calculadas proporções e taxas por mil nascidos vivos (NV) para o total de óbitos e as principais causas de morte na infância. Resultados: O número estimado de óbitos para menores de 5 anos, no Brasil, foi de 191.505, em 1990, e 51.226, em 2015, sendo cerca de 90% mortes infantis. A taxa de mortalidade na infância no Brasil sofreu redução de 67,6%, entre 1990 e 2015, cumprindo a meta estabelecida nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). A redução total das taxas foi, em geral, acima de 60% nos estados, sendo maior na região Nordeste. A disparidade entre as regiões foi reduzida, sendo que a razão entre o estado com a maior e a menor taxa diminuiu de 4,9, em 1990, para 2,3, em 2015. A prematuridade, apesar de queda de 72% nas taxas, figurou como a principal causa de óbito em ambos os anos, seguida da doença diarreica, em 1990, e das anomalias congênitas, da asfixia no parto e da sepse neonatal, em 2015. Conclusão: A queda nas taxas de mortalidade na infância representa um importante ganho no período, com redução de disparidades geográficas. As causas relacionadas ao cuidado em saúde na gestação, no parto e no nascimento figuram como as principais em 2015, em conjunto com as anomalias congênitas. Políticas públicas intersetoriais e de saúde específicas devem ser aprimoradas.

Keywords