Estudos Avançados (Jan 2012)

Desigualdades e limites deveriam estar no centro da Rio+20

  • Ricardo Abramovay

DOI
https://doi.org/10.1590/S0103-40142012000100003
Journal volume & issue
Vol. 26, no. 74
pp. 21 – 34

Abstract

Read online

O ano de 2011 foi marcado por um conjunto de estudos (muitos dos quais patrocinados pelas Nações Unidas) segundo os quais o sistema econômico mundial já ultrapassa perigosamente algumas fronteiras ecossistêmicas, especialmente no que se refere ao clima, à biodiversidade e ao ciclo do nitrogênio. Longe, entretanto, de apoiar-se nessas conclusões, o documento inicial para a Rio+20 preconiza como solução para os grandes problemas socioambientais contemporâneos o aprofundamento daquilo que já vem sendo feito: ampliar o combate à pobreza e aprofundar a cooperação internacional em direção à ecoeficiência. Este trabalho procura mostrar que são significativas as conquistas dos últimos vinte anos nessas duas direções. Mas não há condições materiais de persistir no sucesso da luta contra a pobreza caso se perpetue a ilusão de que a desigualdade deve ser enfrentada sem que se altere o poder sobre os recursos ecossistêmicos dos que se encontram nos andares de cima da pirâmide social.Many studies published last year (including some organized by the United Nations) show that the world economic system has dangerously passed over the ecossytemic frontiers, mainly in climate, biodiversity and nitrogen cycle concerns. Far from using these data and conclusions, the Rio+20 zero-draft envisions a business as usual solution to the socioenvironmental contemporary problems: strengthen poverty fighting and deepen international cooperation toward eco-efficiency. This paper recognizes the huge conquest made in these two domains over the last twenty years. But there are no material conditions for success reducing poverty if the illusion that inequality can be fought without altering the power over natural resources that have those who occupy the upper positions of the social pyramid remains.

Keywords