Cadernos de Saúde Pública ()

Sazonalidade nas notificações de dengue das capitais da Amazônia e os impactos do El Niño/La Niña

  • Bergson Cavalcanti de Moraes,
  • Everaldo Barreiros de Souza,
  • Giordani Rafael Conceição Sodré,
  • Douglas Batista da Silva Ferreira,
  • João Batista Miranda Ribeiro

DOI
https://doi.org/10.1590/0102-311x00123417
Journal volume & issue
Vol. 35, no. 9

Abstract

Read online

Resumo: A dinâmica de transmissão da dengue é multifatorial e envolve aspectos socioeconômicos, ecológicos e ambientais, sendo este último intimamente relacionado às condições climáticas locais que interferem no ciclo reprodutivo dos vetores da doença. Por sua vez, o clima é dependente dos mecanismos oceânicos tropicais, a exemplo das fases de El Niño/La Niña sobre o Pacífico. O presente trabalho contribui com esta temática e reporta as correlações entre o índice MEI (Multivariate ENOS Index) do Pacífico e o número de casos notificados de dengue em sete capitais da Amazônia brasileira, no período de 2001 a 2012. Além disso, investiga-se o padrão de sazonalidade (médias trimestrais) dos casos de dengue ao longo da região. As evidências de que o fenômeno El Niño/La Niña provoca redução/aumento no padrão pluviométrico local é consistente com o número menor/maior de casos notificados de dengue na maior parte das capitais amazônicas, cujo resultado foi comprovado pelas correlações negativas estatisticamente significantes encontradas para Manaus (Amazonas), São Luís (Maranhão), Belém (Pará) e Palmas (Tocantins). As médias dos 12 anos (2001/2012) revelaram a presença de sazonalidade pronunciada na incidência de dengue na maioria das capitais, com picos acentuados de janeiro a março [Rio Branco (Acre), Manaus, Belém e Palmas] e de abril a junho (São Luís), correspondendo em torno de 50% a 70% do total anual. As localidades mais ao norte [Boa Vista (Roraima) e Macapá (Amapá)] revelaram registro da dengue ao longo de todos os trimestres do ano, não apresentando sazonalidade acentuada.

Keywords