Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

ANÁLISE CITOMORFOLÓGICA DO MIELOGRAMA DE PACIENTES COM LLA EM UM CENTRO HOSPITALAR DE REFERÊNCIA

  • DE Carvalho,
  • ACAMVF Medeiros,
  • LCC Furtado,
  • MV Montenegro,
  • MLV Montenegro,
  • DM Luna,
  • RC Braga,
  • EPL Rodrigues,
  • MTC Muniz

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S264

Abstract

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Objetivos: Dentre os subtipos de leucemia, destaca-se a Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA), que afeta principalmente a população pediátrica. Os métodos diagnósticos existentes são limitados em virtude da pouca especificidade e da demora de fechamento do diagnóstico devido às variações citomorfológicas existentes nos padrões celulares. O presente estudo visa identificar padrões citomorfológicos, a partir de imagens de lâminas de mielograma de pacientes. Material e métodos: O estudo incluiu pacientes de 0 a 18 anos, que estejam realizando tratamento ou já tratados nos últimos 5 anos no Centro de Oncohematologia Pediátrica (CEONHPE) do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC). Pacientes com LLA formaram o grupo experimental e aqueles com Leucemia Mieloide Aguda (LMA) ou com medula normal foram considerados o grupo controle. Os mielogramas foram utilizados para identificar características morfológicas das células imaturas e das células da linhagem linfoide, mieloide e de outros tipos de linhagens. As imagens das lâminas foram capturadas por um microscópio óptico com uma câmera do smartphone Redmi Note 9S acoplada. Resultados: Criou-se um banco de imagens com 44 medulas de LLA, 35 de LMA e 21 normais provenientes de 73 pacientes diferentes, com 27 medulas sendo de pacientes repetidos. A distribuição desigual para cada tipo de lâmina foi decorrente de o Biorrepositório apresentar quantidades distintas de LMA e LLA. A falta de padronização dos esfregaços proporcionou dificuldades frequentes durante a captura dos campos de células, resultando na não visualização de grânulos, de vacúolos e da relação núcleo-citoplasma em particularidades de cada tipo celular. Lâminas hipocelulares também foram um desafio, corroborando para que a quantidade de fotos por lâmina fosse priorizada a despeito do número de células por lâmina, sendo 100 fotos por esse tipo de medula e 50 em hipercelulares. Discussão: As alterações encontradas nas lâminas foram que a linhagem eritróide apresentou características desitropoiéticas, displasia e pecilocitose. A linhagem granulocítica teve maior frequência de neutrófilos, apresentando discretas alterações disgranulopoiéticas. Já a linhagem mononuclear apresentou células com diferentes graus de maturidade e a linhagem megacariocítica revelou a presença de megaplaquetas e megacariócitos. O número de células da medula foi diretamente proporcional ao nível de suspeita diagnóstica e ao diagnóstico da microscopia, sendo as medulas hipercelulares mais comuns entre os pacientes do grupo experimental e com pior prognóstico. O sexo dos pacientes correlacionou-se com as variáveis imunofenotipagem e desfecho clínico, com predominância do sexo masculino, corroborando com dados da literatura. A quantidade de leucócitos totais esteve correlacionada com a população predominante de leucócitos e com a quantidade de células (linfocitose ou linfopenia). Conclusão: A análise citomorfológica através de lâminas de medula óssea é essencial para a estratificação prognóstica de pacientes com LLA. O presente estudo encontrou limitações na sua aplicação, prejudicando o diagnóstico precoce desses indivíduos. Dentre elas, destacam-se a falta de padronização dos esfregaços, a complexidade do procedimento de aquisição do material celular e o óbito de alguns pacientes, impossibilitando uma nova coleta de lâminas de melhor qualidade.