Latin American Research Review (Dec 2020)

Alteridade e aliança: Paisagem matrimonial transatlântica

  • Octávio Sacramento

DOI
https://doi.org/10.25222/larr.295
Journal volume & issue
Vol. 55, no. 4

Abstract

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Marriages between people from different countries tend to be organized according to preferential geographies and form distinctive “marriagescapes,” such as the one that takes shape in the Euro-Brazilian transatlantic space, the focus of this article. In this context, marital arrangements with a particular gender-nationality structure prevail (European men and Brazilian women), from which spatial and culturally extensive alliance configurations emerge, based on an exogamy that crosses political, social, and identity boundaries. Diversified and distended, this marriagescape combines multiple axes of alterity: nationality, sexuality, gender, “race,” ethnicity, class. More than cleavage factors, the demarcations inscribed in this heterogamic pattern function as attraction inducing, involving the articulation of diverse desires. The differences and inequalities inherent to the European-Brazilian marriages tend to give rise to the idea that the Brazilian women will be the major beneficiary from the establishment of transnational alliance bonds. However, this female hypergamy can be hindered, particularly when matrimony involves migration to Europe. Resumo Os casamentos entre pessoas de diferentes países tendem a organizar-se segundo geografias preferenciais e constituem paisagens conjugais distintivas, como a que ganha forma no espaço transatlântico euro-brasileiro de que o presente artigo dá conta. Neste contexto predominam os arranjos matrimoniais com uma determinada estrutura de género-nacionalidade (homens-europeus e mulheres-brasileiras), dos quais emergem configurações de aliança espacial e culturalmente extensivas, assentes numa exogamia que cruza fronteiras políticas, sociais e identitárias. Diversificada e distendida, esta paisagem conjugal articula múltiplos eixos de alteridade: nacionalidade, sexualidade, género, “raça”, etnicidade, classe. Mais do que fatores de clivagem, as demarcações inscritas neste padrão heterogâmico funcionam como indutoras de atração, envolvendo a conjugação de diversos desejos. As diferenças e desigualdades inerentes aos casamentos entre europeus e brasileiras tendem a suscitar a ideia de que as últimas serão as maiores beneficiadas com a constituição de vínculos de aliança transnacionais. Porém, esta hipergamia feminina pode ser obstada, sobretudo quando o matrimónio implica a migração para a Europa.