Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DAS INTERNAÇÕES POR ANEMIA FERROPRIVA NO PARÁ NO PERÍODO DE 2011-2020

  • LVG Miranda,
  • CVCD Nascimento,
  • LDR Farias,
  • JSR Smith,
  • AMA Souza

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S1

Abstract

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Objetivos: O presente estudo objetiva analisar a epidemiologia das internações por deficiência de ferro no estado do Pará, considerando faixa etária, cor e sexo no período de 2011 a 2020. Material e métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico retrospectivo e quantitativo, cujos dados foram coletados do Sistema de Informação Hospitalar (SIH/SUS) do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), referente ao estado do Pará nos anos de 2011 a 2020, com filtro para anemia por deficiência de ferro. Assim, analisou-se internação por municípios, faixa etária, cor/raça e sexo/gênero. Além disso, para cálculos epidemiológicos foi utilizada a demografia da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas. Resultados: Foram notificadas 3577 internações devido a anemia por deficiência de ferro no Pará no período estudado, sendo que a média da prevalência no estado foi de 4,32 casos para cada 100.000 habitantes (P). Destacaram-se os municípios de: Jacundá com as maiores prevalências em 5 anos, com recorde em 2015 (p = 135,69), além de obter a média mais alta no período observado de 73,85; Uruará teve 3 anos seguidos em primeiro lugar a partir de 2017, sendo 2019 o ano com maior índice de 125,34; Moju ficou entre os três primeiros em internações nos anos de 2014 a 2017, com a terceira maior média no período de 36,82. Em relação à faixa etária, os dados são apresentados em intervalos de 10 anos, os três primeiros lugares foram as populações de 40 a 49 anos (14,3%), 30 a 39 anos (13,6%) e 20 a 29 anos (12%), sendo que juntos correspondem a 39,95% dos casos. No que diz respeito a cor/raça é possível destacar a predominância na população parda (65,36%), seguido por sem informação (30,14%), branca (2,66%) e preta (1,15%). Acerca do sexo não há uma diferença significava, sendo sexo feminino o maior (56,22%). Discussão: A anemia ferropriva é uma anemia carencial de extrema relevância, capaz de influenciar no número de casos de internações, devido à alta prevalência e seus sintomas clínicos. Diante disso, com a obtenção dos resultados, é possível observar a superioridade dos casos na população entre 20 a 49 anos, que correspondem a 39,95% do total, quando comparado as outras faixas etárias. Ademais, destaca-se, na relação cor/raça, que há uma predominância de internação na população parda, sendo que esta categoria é a maior no estado segundo dados da desigualdade social de 2018 do IBGE, correspondendo a 72,7%, de modo que não é possível definir uma relação causal. Além disso, a categoria “sem informação”performa em segundo lugar para cor/raça, fato que prejudica a análise correta dos dados. A análise entre os sexos corresponde ao esperado, visto que as mulheres estão mais suscetíveis à carência nutricional de ferro devido ao fluxo menstrual, corroborado pela porcentagem 28,41% maior que os homens. Conclusão: Nesse estudo, foi possível analisar os dados apresentados sobre as internações decorrentes de casos de anemia ferropriva nos diversos municípios do Pará. Porém, apesar das informações levantadas, observou-se uma grande imprecisão dos dados, que em alguns municípios estavam ausentes. Desse modo, nota-se a carência e necessidade de reforçar a notificação de dados no sistema DATASUS, além de garantir de forma adequada a prevenção, diagnóstico e tratamento da anemia por deficiência de ferro, a fim de reduzir a prevalência das internações no Pará e no Brasil.