Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
AVALIAÇÃO DE ANEMIA E FERROPENIA EM CRIANÇAS DE PRIMEIRO ANO DE ESCOLAS PÚBLICAS
Abstract
Objetivos: A anemia ferropriva é uma doença caracterizada principalmente pela deficiência de ferro no sangue e diminuição das concentrações de hemoglobina. É considerada a mais comum das anemias. A diminuição da quantidade de ferro, pode ser causada por carência nutricional, hemorragias, parasitoses, entre outros. Além disso, existem estudos que relacionam uma diminuição no desenvolvimento cognitivo e motor em crianças que apresentam ferropenia. O objetivo desse estudo foi avaliar a frequência de anemia e ferropenia em crianças de primeiro ano de escolas públicas. Materiais e métodos: Foram incluídos 153 alunos de primeiro ano do ensino fundamental, de ambos os sexos, com idade entre 6 e 8 anos, de 6 escolas públicas municipais de Santa Maria/RS. Foram coletadas amostras de sangue em jejum para as análises do hemograma e status do ferro. Resultados: Trinta e três (21,6%) participantes apresentaram anemia. Considerando o intervalo de referência de ferritina para crianças de 5 a 12 anos, valores abaixo de 15 μg/L indicam deficiência grave de ferro. É esperado que crianças dessa faixa etária apresentem concentrações de ferritina acima de 30 μg/L. A partir desses critérios, nenhum participante apresentou concentrações abaixo de 15 μg/L, enquanto 14 (9,2%) apresentaram valores entre 15 e 30 μg/L. Já, para as concentrações de ferro, 30 crianças (19,6%) apresentaram valores abaixo de 50 μg/L. Discussão: Estes resultados são dados preliminares de um projeto que pretende avaliar crianças de primeiro ano de diversas escolas públicas municipais de Santa Maria/RS, priorizando àquelas que atendem regiões socialmente mais vulneráveis. Visto que a anemia ferropriva pode causar problemas importantes na saúde de crianças à longo prazo, é bastante relevante informações sobre ferropenia nessa faixa etária. Nesse estudo, mostramos que as taxas de anemia estavam menores do que estudos prévios na população brasileira desta faixa etária. Da mesma forma, a ferropenia foi observada em uma proporção menor do que descrito anteriormente, considerando que os participantes desse estudo eram de escolas públicas localizadas em regiões mais carentes do município. Provavelmente, contribuíram para esses resultados a política de fortificação de alimentos com ferro e ácido fólico, vigente no Brasil desde 2004. Além disso, a merenda escolar disponibilizada nessas escolas, possivelmente tenha contribuído para essas taxas. Conclusão: Por enquanto, os resultados mostraram frequência de anemia e ferropenia menor do que aqueles reportados previamente em outros estudos. Esses dados contribuem para a criação de políticas públicas que impactem positivamente na saúde de crianças que estão iniciando sua caminhada escolar.