Individualizar a tomada de decisão em final de vida: hemoderivados, um problema ético?

Abstract

Introdução: Os cuidados paliativos visam melhorar a qualidade de vida das pessoas com doenças graves, procurando o alívio do sofrimento físico, psicossocial e espiritual. A administração de transfusões sanguíneas em fim de vida é um problema ético complexo, envolvendo princípios bioéticos como autonomia, beneficência, não maleficência e justiça, e adicionalmente o da vulnerabilidade, necessidade e proporcionalidade. Objetivos: Analisar o caso clínico de uma doente com neoplasia gástrica avançada, acompanhada por uma Equipa de Cuidados Paliativos, explorando os problemas éticos associados à decisão de realizar uma transfusão sanguínea. Materiais e métodos: Descrição do caso de uma doente do sexo feminino, de 87 anos, com anemia grave e episódios de hemorragia, cuja decisão de transfusão foi discutida pela equipa multidisciplinar, envolvendo os familiares, e aplicando o modelo de Diego Gracia para análise ética. Resultados: A decisão de realizar suporte transfusional permitiu à doente recuperar a cognição e despedir-se serenamente dos familiares antes de falecer, refletindo uma ponderação cuidadosa dos princípios éticos envolvidos. Conclusões: O estudo sublinha a importância de abordagens individualizadas e flexíveis em cuidados paliativos, respeitando a autonomia da pessoa doente, em busca do seu melhor interesse e em situações de grande vulnerabilidade. A aplicação do modelo de deliberação de Diego Gracia facilitou uma decisão ética equilibrada entre beneficência, não maleficência, vulnerabilidade,necessidade, proporcionalidade e justiça, culminando numa situação tranquila e confortável para a doente e família.

Keywords

• Transfusão sanguínea
• Cuidados paliativos
• Final de vida
• Problema ético