Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-282 - TUBERCULOSE DISSEMINADA EM PACIENTE TRANSPLANTADO RENAL: UM RELATO DE CASO.

  • Nicholas Falcomer Koetz,
  • Luiz Fernando Degrecci Relvas,
  • Enzo Fernandes Soares,
  • Gustavo Resende Machado

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104190

Abstract

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Introdução: A Tuberculose (TB) é uma infecção crônica causada por micobactérias, sendo o M. tuberculosis a principal espécie. Cerca de 1,7 bilhões de pessoas vivem com TB no mundo. A evolução é insidiosa, com formas e sintomas variáveis, a depender dos órgãos afetados e se há imunossupressão. Este relato destaca o quadro clínico de paciente transplantado (TX) renal, diagnosticado com TB disseminada que evolui de forma complexa e paradoxal durante tratamento. Objetivo: Detalhar caso clínico atípico; Destacar apresentações da TB e correlacioná-las com a imunossupressão; Discutir individualizações de tratamento; Discorrer sobre a Síndrome de Reconstituição Imune (SRI). Método: Relato de caso realizado na CSSM. Aplicação de TCLE, revisão de prontuário médico, definição do cronograma, compilados exames de imagens e laboratoriais. Discussão de dados baseada em revisão de literatura nacional e internacional. Resultados: M.P.A., homem, 31 anos, TX renal em 2021, imunossuprimido, evolui em Jul/2023 com nódulo cervical à esquerda, febre e disfagia há 1 mês. É internado para investigação, sendo diagnosticada TB disseminada (pulmonar, laríngea e ganglionar), iniciado tratamento com RHZE com boa adesão, e reduzida a imunossupressão. Após 1 mês, é reinternado por surgimento de febre e flogismo cervical. Pela suspeita de abscesso cervical bacteriano, é iniciada antibioticoterapia empírica. A cultura de material pós-punção resultou positiva para Staphylococcus haemolyticus, com descalonamento de antimicrobianos. A TC de tórax demonstrou padrão miliar. Evolui com melhora apenas parcial de sintomas, com suspeitas de TB resistente, novas infecções bacterianas e/ou micoses. Não houve indícios destas hipóteses em exames investigativos, mantendo-se a TB como etiologia primária do quadro e responsabilizando a imunossupressão pela evolução não linear. O paciente manteve boa adesão ao RHZE, sem falhas, com extensão da fase inicial para 4 meses. Apresenta nova piora sintomática paradoxal após nova redução de imunossupressores. Cogitada SRI, com melhora de sintomas após aumento de corticoterapia. Em Nov/2023, recebe alta hospitalar com melhora clínica sustentada. Conclusão: A TB engloba tratamento prolongado, sequelas orgânicas, estigmas sociais e reduz qualidade de vida. O caso descrito correlaciona a TB disseminada com a imunossupressão. A evolução lenta/paradoxal, ajustes em imunossupressores e a individualização do tratamento evidenciam as especificidades do caso, com manejo desafiador e necessitando de abordagem multidisciplinar.