Contexto & Educação (Jan 2022)
O INVESTIMENTO NO “POTENCIAL DOS JOVENS” COMO UMA TECNOLOGIA BIOPOLÍTICA: REPENSANDO O PROTAGONISMO JUVENIL NO CONTEXTO DO “NOVO ENSINO MÉDIO”
Abstract
O protagonismo juvenil ganha uma fundamentação teórica no Brasil com o trabalho do pedagogo Antonio Carlos Gomes da Costa na década de 1990, a partir da experiência de trabalho com jovens em organizações não-governamentais. Esse protagonismo é inspirado pelo que ficou conhecido como Relatório Jacques Delors, que enuncia os quatro pilares de uma “Educação para o século XXI”, a saber, aprender a ser, aprender a fazer, aprender a aprender e aprender a conviver. Com esse protagonismo o jovem formaria sua autonomia a partir de uma experiência mais voltada às suas próprias competências e habilidades. A partir de uma análise documental inspirada pelo trabalho de Foucault, buscamos analisar o discurso do protagonismo juvenil em conexão com a releitura que o filósofo desenvolve da noção de capital humano. Argumentamos neste texto que o protagonismo juvenil, para além de estar ligado a uma estratégia de investimento no “potencial da juventude” para o desenvolvimento social de uma população, também é uma estratégia biopolítica de formação de uma cultura empreendedora com vistas ao desenvolvimento econômico e social do país.