Revista Espaço (Dec 2017)

Governamento linguístico em educação de surdos: práticas de produção do Surdus mundi no século XX

  • Pedro Henrique Witchs

DOI
https://doi.org/10.20395/re.v0i48.405
Journal volume & issue
Vol. 0, no. 48

Abstract

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Ao partir do conceito de matriz de experiência para realizar uma leitura da sur- dez, a tese apresenta uma análise dos modos pelos quais os surdos são lin- guisticamente conduzidos. Para tanto, faz uso de um conjunto de documentos mantidos pelo Acervo Histórico do Instituto Nacional de Educação de Surdos que datam do período entre 1909 e 1989. Sob a perspectiva de autores do campo dos Estudos Foucaultianos e dos Estudos Surdos em Educação, bem como da História Social da Língua e da Política Linguística, utiliza os conceitos de gover- namento e de subjetivação como ferramentas analíticas. Com base na análise do material, foi possível distinguir práticas de governamento linguístico em duas caracterizações do comportamento linguístico dos surdos: as condutas linguísticas almejadas e as condutas linguísticas abjetas. A partir de cada dessas caracte- rizações, foram identificadas práticas de exercício do governamento linguístico que tinham, como finalidade, o desenvolvimento da nacionalidade nos surdos. Essas práticas foram distribuídas por três composições da educação de surdos: o currículo, a formação de professores e as práticas pedagógicas. Diante disso, defende-se a tese de que tais práticas operam na produção de uma subjetividade surda com características universais, o Surdus mundi, que, embora possa utilizar uma língua de sinais e esteja orientada a uma tendência cosmopolita de ser surdo, abarca em si a potência de ser governada também pelo uso de línguas orais ainda que em sua modalidade escrita. A tese contribui para que se pense não apenas nos aspectos do governamento linguístico na educação de surdos, como também na educação de qualquer indivíduo, e permite o fomento de discussões nas áreas da Educação e da Linguística.