Revista de Educação Física (Dec 2017)
ASSOCIAÇÃO ENTRE APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA E ACÚMULO DE COMPONENTES DA SÍNDROME METABÓLICA EM MILITARES DO SEXO MASCULINO DO EXÉRCITO BRASILEIRO
Abstract
A inatividade e o baixo nível de aptidão física têm sido considerados fatores de risco para a mortalidade prematura, sendo estes fatores tão importantes quanto aqueles apresentados na síndrome metabólica (Blair et al.,1996). Alguns estudos têm demonstrado uma associação inversa para atividade física e aptidão cardiorrespiratória, com prevalência de Síndrome Metabólica (Laaksonen et al., 2002; Palaniappan et al., 2004).Contudo, tais pesquisas se valeram, na sua maioria, de questionários relativos à prática de atividades físicas dos participantes, ficando, assim, sujeitas a equívocos na classificação da aptidão física, uma vez que outros fatores podem influenciar o condicionamento cardiorrespiratório e o estado sanitário, além do treinamento. O objetivo deste estudo foi determinar a relação entre os níveis estimados de aptidão cardiorrespiratória e a ocorrência de Síndrome Metabólica (SM) em militares do Exército Brasileiro (EB). A amostra foi composta por 95 militares do sexo masculino (42,71 ± 3,8 anos) que, após serem submetidos ao teste de corrida em 12 minutos de Cooper (1968), foramdivididos em três grupos de aptidão física, de acordo com a menção na tabela de avaliação do EB (Brasil, 2005): Grupo 1- Insuficiente e Regular; Grupo 2 - Bom; e Grupo 3 - Muito Bom e Excelente. Foram classificados, como tendo SM, os participantes que apresentassem três ou mais dos seguintes fatores de risco: 1) obesidade abdominal (nível médio do abdômen) > 102 cm; 2) triglicerídeos ≥ 150 mg/dl; 3) HDL colesterol < 40 mg/dl; 4) glicemia ≥ 110 mg/dl; e 5) tensão arterial sistêmica ≥ 130 mmHg. Foi utilizada estatística descritiva para apresentar as principais características da população estudada, dentro dos grupos de condicionamento físico. Análise de variância foi empregada para determinar a significância das diferenças encontradas. Por meio de regressão logística, foi determinado o risco relativo para cada anormalidade metabólica, assim como para a SM propriamente dita, com e sem ajuste pelo Índice de Massa Corpórea (IMC) e pela idade. 35,5%dos indivíduos classificados como portadores de alto nível de aptidão cardiorrespiratória não apresentaram qualquer anormalidade metabólica, contrastando com 16,7%dos militares considerados como de baixa aptidão. Por outro lado, a prevalência de SM (ocorrência de três ou mais fatores de risco) foi maior nos grupos com menor aptidão (26,7%, 8,8% e 3,2% respectivamente). Foi verificado, por meio de regressão logística, que indivíduos pertencentes aos Grupos 1 (baixa aptidão) e 2 (média aptidão), possuíam, respectivamente, 5,2 (95% IC 2,4 – 8,4; p < 0,01) e 2,0 (95% IC 1,1 – 3,6; p < 0,05) vezes mais chances de apresentarem SM quando comparados com os pertencentes ao Grupo 3 (alta aptidão), após ajustes pela idade e pelo IMC. A análise dos resultados sugere que o baixo nível de aptidão cardiorrespiratória, classificado de acordo com a tabela de avaliação do EB, está associado ao aumento no acúmulo de anormalidades metabólicas em militares do sexo masculino do EB. Sugere-se, portanto, que sejam incentivadas medidas visando a melhoria da aptidão cardiorrespiratória, como parte da prevenção da SM.