TradTerm (Dec 2011)

Vladímir Nabókov: as artes da tradução

  • Graziela Schneider Urso

Journal volume & issue
Vol. 18

Abstract

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O presente artigo considerará Vladímir Nabókov† à luz da interrelação de escrever e (auto)traduzir, realçando as intersecções de (re)ler, (re)traduzir, (re)criar, revisar, (auto)traduzir e (re)escrever. Ser trilíngue desde a infância não tornou sua trajetória de transformações e o derradeiro exílio – de sua Língua – menos complexos do que a partida e a crescente distância – de sua Terra – ambas, rememoradas e recriadas pela memória, continuam em sua ficção. Escritor, tradutor, professor, teórico camaleônico, Nabókov se apodera da autotradução, entrelaçando os limites da Vida, Arte, Ficção, Metáfora, transformando transposições de autotradução em um eterno retorno de infinitos processos de (re)escritura e (re)criação da (des)construção do novo texto literário na nova língua, em uma fusão de passado e futuro. Desafiando as fronteiras entre Literatura, Linguagem e Tradução em dicotomias poético-prosaicas, tradicional-modernas, e caminhos entre originais e novos originais, Nabókov orquestra a arte da composição e a intertextualidade, culminando em uma poética nabokoviana sui generis – uma consciência onisciente, onipresente e onipotente da escritura e do ato tradutório e da incompletude da expressão diante do pensamento e sentimento. O enlevo de traduzir pela primeira vez, do russo ao português, contos da coletânea Primavera em Fialta (1956), que o próprio Nabókov reuniu, em paralelo ao cotejo com as autotraduções desses contos para o inglês e seus processos de tradução, suscita questões sobre os deslocamentos em sua paisagem e língua literária e sobre a relação entre (re)ler, (re)escrever, (auto)traduzir e identidades culturais e artísticas plurais, revisitando o Nabókov escritor como tradutor e o Nabókov tradutor como escritor.

Keywords