Estudos do CEPE (Jan 2013)
A IMPORTÂNCIA DA RECIPROCIDADE NO DESEMPENHO SOCIOECONÔMICO DA AGRICULTURA FAMILIAR
Abstract
Neste trabalho busca-se entender a importância da prática de cooperação entre agricultores familiares em uma região do Rio Grande do Sul a partir das suas relações socioeconômicas endógenas e exógenas. Da análise das relações endógenas vem a compreensão da lógica econômica da unidade familiar agrícola, produzir o necessário para o auto-sustento com adequado uso da mão-de-obra familiar disponível. A partir das relações exógenas dos agricultores familiares se compreende diversos costumes, tradições, culturas e simbolismos presentes nas suas relações sociais, incluindo as relações de reciprocidade, ao mesmo tempo em que se entende como e porque se transformam em agricultores integrados ao mercado e aos complexos agro-industriais. Assim, constata-se a integração mercantil dos produtores de leite e o confronto com o oligopsônio das indústrias de laticínios, que detêm o poder de definição do preço do produto. Objetivando contrabalançar este poder, os produtores se organizam em redes de comercialização, aumentando sua capacidade de reivindicação por melhor preço e condições de produção. A compreensão desse processo de organização dos produtores em grupos informais ou formais envidou esforços desse estudo, a fim de compreender como e por que se formam essas redes de cooperação entre tais produtores e não entre outros, além de verificar se essa organização oportuniza obter um melhor desempenho socioeconômico. Os resultados levam à duas conclusões: as redes de cooperação formadas entre produtores de leite são geradas a partir de relações de trabalho e das relações sociais de reciprocidade, cabendo à dádiva um papel importante na formação de confiança entre eles; essas redes de cooperação proporcionaram melhores resultados nos indicadores sociais e econômicos.
Keywords