Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)

RELATO DE CASO DE LEPTOSPIROSE COM ACHADO DE SARS-COV-2 EM IMUNO-HISTOQUÍMICA

  • Francis Sampaio de Assis,
  • José Victor Bolotari Spadacio,
  • Luciana Souza Jorge,
  • Vanessa Soares de Oliveira e Almeida,
  • Aline da Silva Gonzales,
  • Paulo de Tarso Oliveira e Castro,
  • Gabriela Gomes Silveira,
  • José Carlos Ignacio Junior,
  • Seila Israel do Prado

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102629

Abstract

Read online

Introdução: A leptospirose é uma zoonose causada por espiroquetas aeróbicas patogênicas do gênero Leptospira. Roedores são os reservatórios mais importantes para manter a transmissão. A infecção humana geralmente resulta da exposição a fontes ambientais, como urina de animais, água ou solo contaminados. É necessário um alto índice de suspeição para fazer o diagnóstico com base na exposição epidemiológica e no quadro clínico, uma vez que os achados clínicos e laboratoriais muitas vezes são inespecíficos na infecção aguda. Objetivo: Relatar um caso de óbito por leptospirose associado ao achado de SARS-CoV2 em autópsia. Resultados: VHC, masculino, 19 anos, em acompanhamento há 15 anos por deficiência de proteínas C e S e trombose de veia porta, com história de TEP bilateral e embolização esplênica prévia, em uso de enoxaparina profilática. Foi admitido em hospital terciário com quadro clínico de abaulamento em região cervical, náusea, vômitos e diarreia de início há 7 dias. Evoluiu com calafrios, inapetência e icterícia. Na admissão, consciente, orientado, com icterícia 4+/4+, com pescoço alado, sem sinais flogísticos, taquipneico, taquicárdico e esplenomegalia. Questionado, relatou hábito de nadar em lagos e contato com animais de criação em zona rural. Foi internado, iniciado suporte e investigação de hepatopatias e doenças com acometimento hematológico. Aos exames, apresentava anemia, linfopenia, plaquetopenia e neutrofilia, presença de esquizófitos, além de provas inflamatórias alteradas, alargamento de INR, hipoalbuminemia e hiperbilirrubinemia, injuria renal aguda sem hipercalemia e sem dismorfismo eritrocitário, consumo de complemento, haptoglobina reduzida, coombs direto negativo e hemoculturas negativas. Paciente evoluiu em 1 dia com insuficiência respiratória aguda, hipotensão refrataria com drogas vasoativas em doses máximas e parada cardiorrespiratória em assistolia. As sorologias colhidas para HIV, hepatites A, B e C, toxoplasmose, dengue, hantavirose, Epstein-Barr, herpes tipo 1 e 2 e CMV vieram negativas. O ELISA-IgM para leptospirose apresentou-se reagente assim como o MAT. A autopsia de múltiplos fragmentos apontou para PCR de SARs-CoV2 positivo em fragmento de pulmão. Conclusão: A Leptospirose tem como fator de risco para o desenvolvimento da forma grave o atraso do início da antibioticoterapia >2 dias do início dos sintomas. Assim, para o diagnóstico oportuno de pacientes com suspeita de leptospirose, uma abordagem combinada de diagnóstico sorológico/molecular é cada vez mais usado.