Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

IMPORTÂNCIA DOS TESTES CONFIRMATÓRIOS PARA HEPATITE C EM DOADORES DE SANGUE

  • CSR Araujo,
  • CM Wink,
  • JS Palaoro,
  • BA Machado,
  • JVR Pontel,
  • CEF Brustolin,
  • FP Costa,
  • CG Hermes,
  • A Pasqualotti

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S819

Abstract

Read online

Objetivo: Analisar o perfil e os resultados dos testes de triagem e confirmatórios para Hepatite C (HCV) em doadores de sangue. Método: Foram analisadas as doações com resultado reagente ou indeterminado para anti-HCV, no período de janeiro a dezembro de 2019, no Serviço de Hemoterapia do Hospital São Vicente de Paulo, Passo Fundo/RS. A triagem para HCV foi realizada na metodologia de quimioluminescência, utilizando o kit Architect Anti-HCV ABBOTT, nas plataformas Architect i1000 e i2000, além do NAT-HCV Biomanguinhos. Todos os doadores com resultado reagente ou indeterminado foram convocados, via carta, para coleta de nova amostra, que foi novamente testada por quimioluminescência. As amostras que permaneceram reagentes ou indeterminadas, foram encaminhadas para realização de teste HCV Imunoblot 3ª geração (RIBA) em laboratório externo. Resultados: Das 13537 doações no período avaliado, 107 (0,8%) apresentaram resultado reagente ou indeterminado para anti-HCV. Com relação aos doadores, 46 (43,0%) eram do sexo masculino e 61 (57,0%) feminino e a média de idade foi de 37 anos (18-64). Quanto ao tipo de doação, foram 36 (33,6%) espontâneas e 71 (66,4%) de reposição. Doadores de primeira vez foram 86 (80,4%) e 21 (19,6%) de repetição. Na primeira amostra, foram 59 doadores reagentes para anti-HCV, 56 com NAT não detectável (ND) e 3 com NAT detectável; 48 com anti-HCV indeterminado e NAT ND. Dos 107 doadores convocados para nova coleta, 67 (62,6%) retornaram e destes, 32 apresentaram resultado reagente para anti-HCV, sendo 1 com NAT detectável e Imunoblot reagente, 2 com NAT ND e Imunoblot reagente, 1 com NAT ND e Imunoblot indeterminado e 28 com NAT ND e Imunoblot não reagente; 24 doadores com anti-HCV indeterminado, sendo 1 com NAT ND e Imunoblot reagente e 23 com NAT ND e Imunoblot não reagente; 11 doadores com anti-HCV não reagente e NAT ND, não sendo necessário a realização do Imunoblot. Discussão: Segundo o Hemoprod (2019), a taxa de sorologia para HCV foi de 0,15% na região Sul, acima do encontrado em nosso estudo, semelhante ao demonstrado por Martins et al. (2015) que reportou taxa de 0,34%. Junior et al. (2021) encontrou uma taxa de retorno para nova coleta de 52%, semelhante ao nosso estudo. Dos doadores que retornaram para a recoleta, 5 (7,5%) confirmaram a positividade através do ensaio RIBA, e 1 (1,5%) apresentou NAT detectável, mostrando alta taxa de resultados falso-positivos (91,0%) em relação à primeira amostra. Conforme Pereira et al. (2014), em populações com baixa prevalência de HCV, como doadores de sangue, resultados falso-positivos são comuns, podendo chegar a 60% e sua ocorrência pode estar relacionada à reação cruzada na presença de outras infecções virais e de doenças autoimunes. Estudo realizado na Austrália por Cheng et al. (2023), mostrou que a remoção do teste de anti-HCV traria economia de custos sem comprometer a segurança do receptor de sangue, já que o risco de transmissão é extremamente baixo. Conclusão: Podemos concluir que a taxa de positividade para HCV foi mais baixa em nossa população, quando comparado aos dados da região Sul. Cabe destacar a quantidade de resultados falso-positivos, fato este que pode estar relacionado à maior sensibilidade dos testes realizados nos serviços de hemoterapia, com o intuito de garantir a segurança transfusional. Neste contexto, é imprescindível definir os indivíduos que de fato necessitam de encaminhamento para tratamento adequado.