Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
ESTRATÉGIA ALTERNATIVA PARA AVALIAR O PROGNOSTICO DE PACIENTES COM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA), EM UM SERVICO PÚBLICO, USANDO RECURSOS ACESSÍVEIS.
Abstract
Introdução: Os sistemas de classificação prognóstica para as Leucemia Mieloide Aguda (LMA), não são replicáveis, na maioria dos serviços públicos do Brasil, devido a dificuldade de acesso a exames citogenéticos e de avaliações moleculares [1,2]. Objetivos: Avaliar o prognostico de pacientes com LMA, utilizando os dados disponíveis de citogenética, mutação para o NPM1 e FLT3, combinados com a pesquisa de doença residual mensurável (DRM), por citometria de fluxo, após quimioterápica. Metodologia: Estudo de coorte retrospectivo, realizados em uma instituição pública, no período de Janeiro/2015 á Dezembro/2021. As estatísticas descritivas foram apresentadas como medianas e intervalos para dados contínuos e como números e porcentagens para dados categóricos. Resultado/Discussão: Dos 63 pacientes com LMA de novo, submetidos a quimioterapia intensiva, foi possível aplicar a estratificação de risco do European LeukemiaNet-2022 em 30/63 (47,6%), enquanto 33/63 (52,3%) permaneceram sem estratificação de risco. Atingiram resposta completa 46/63 (73%) e nessa amostragem, os dados de DRM estavam disponíveis em 22/46 (47,8%). A frequência e distribuição de DRM positiva entre os grupos de risco, conforme o status da citogenética e o perfil mutacional, foi de 0 favorável, 01 intermediário e 01 alto risco. Enquanto para DRM negativa, foi de 04 favorável, 01 intermediário e 03 alto risco. Foi estratificado 12/33 (36,36%) pacientes anteriormente não estratificados, ao diagnostico, sendo que 8/12 (66,66%) tiveram DRM negativa e 4/12 (33,33%) tiveram DRM positiva. A taxa de SG para os pacientes com DRM positivo foi de 11,3 meses e para os negativos foi de 28,3 meses, p = 0,0001 (Figura 1). Da mesma forma, a SLR em pacientes positivos para DRM foi de 6,2 meses e para os negativos foi de 26,2 meses, p = 0,003 (Figura 2). Os resultados apontam que independente de uma estratificação de risco pré-tratamento, baseada em exames moleculares e citogenéticos, a identificação de DRM positiva após terapia, pode sinalizar perfis de doença quimioresistente e, portanto, associada a desfechos desfavoráveis. Esses dados são corroborados aos dados da literatura que consideram a pesquisa de DRM após terapia, um bom marcador prognostico de desfecho clínico. Conclusão: Explorar e validar a melhor forma de incorporar a DRM, na avaliação prognostica de pacientes com LMA, pode agregar benefício ao acompanhamento e tratamento desses pacientes em serviços públicos de saúde.