Saúde e Sociedade (Mar 2011)

A violência contra mulher no cotidiano dos serviços de saúde: desafios para a formação médica Violence against women in the daily routine of the health services: challenges for medical education

  • Claudia Mara Pedrosa,
  • Mary Jane Paris Spink

DOI
https://doi.org/10.1590/S0104-12902011000100015
Journal volume & issue
Vol. 20, no. 1
pp. 124 – 135

Abstract

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A oferta de atendimento humanizado às mulheres que passaram por situações de violência nos serviços de saúde ainda é um desafio em todos os níveis de atenção. Este artigo discute os sentidos da violência contra mulheres presentes nos discursos dos profissionais médicos, e tem como base teórica a abordagem das práticas discursivas no referencial construcionista da psicologia social. Foram realizadas quatro entrevistas com profissionais de Medicina que atuam em um hospital universitário do interior de São Paulo, e as análises nos possibilitaram constatar as lacunas na formação e nas práticas médica acerca da temática violência de gênero. Concluímos que é preciso propiciar espaços para capacitação, reflexão e suporte ao profissional para que ele se sinta apto e seguro para trabalhar com a questão. As mudanças pedagógicas nos currículos do ensino médico são estratégias significativas para o enfrentamento da violência nos serviços, por demandar transformação das concepções e práticas dos profissionais, ainda muito centradas no enfoque biomédico.The provision of humane care for women who have undergone situations of violence in the health services is still a challenge at all levels of care. This article discusses the meanings of violence against women in discourses of medical professionals. Its theoretical basis is the discursive practices approach in the constructionist framework of social psychology. Four interviews were conducted with medical professionals who work in a university hospital in the city of Ribeirão Preto, state of São Paulo, and the analysis enabled us to note gaps in medical training and practice on the theme of gender violence. We conclude that we must provide space for professionals' training, reflection and support so that they feel safe and able to work with the issue. The educational changes in medical education curricula are important strategies for coping with violence in the services, as they demand the transformation of the professionals' concepts and practices, which are still based on the biomedical focus.

Keywords