Viso (Dec 2019)

O literato e o filósofo em Buriti, de Guimarães Rosa: as com(tra)posições estético-filosóficas na construção do amor e da vida

  • Bruno Pucci,
  • Luiz Carlos A. de Aquino,
  • Renata Pucci

DOI
https://doi.org/10.22409/1981-4062/v25i/327
Journal volume & issue
Vol. 13, no. 25
pp. 171 – 197

Abstract

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Este artigo se propõe a interpretar o conto de Guimarães Rosa, Buriti, em interlocução com as reflexões de Theodor Adorno e com estudiosos do escritor mineiro, entre os quais José Maurício de Almeida e Luiz Roncari, tendo como eixo-central de análise as com(tra)posições estético-filosóficas de Rosa. São essas com(tra)posições naturais, culturais, sociais, que se negam internamente, umas às outras, nos diferentes momentos da narrativa, e que, ao mesmo tempo, se compõem na movimentação do todo, concebendo a estória como um ser vivo, que intensifica seu dinamismo no contato direto com o atento contemplador. Para cumprir seu percurso, o texto se desenvolve mediado por cinco com(tra)posições dialéticas: a tensão dia/noite, realidade aparente/realidade profunda na experiência de vida dos personagens; o irrequieto fluir do tempo e as mudanças de hábitos dos moradores de Buriti Bom; as contradições sociais de uma sociedade patriarcal em extinção; o olhar enviesado das Mulheres-da-Cozinha sobre os acontecimentos da casa grande; as rezas e as mandingas a serviço da manutenção do domínio patriarcal em luta contra o processo civilizatório em ação. Os autores partem do pressuposto de que são as com(tra)posições estético-filosóficas que incendeiam a narrativa, dão-lhe substância e invadem objetivamente a interioridade de seus contempladores.

Keywords