Anos 90 (Dec 2023)

Registros de batismo, o complexo pecuária-charqueada e o tráfico de africanos para o Sul do Brasil, 1780-1850

  • Marcelo Santos Matheus

DOI
https://doi.org/10.22456/1983-201X.128817
Journal volume & issue
Vol. 30

Abstract

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Este estudo tem como foco a análise do tráfico de africanos para o RS, entre 1780 e 1850. Para tanto, além de um diálogo com pesquisas que trataram da mesma temática, exploramos os registros de batismo das capelas das duas regiões que formavam o complexo pecuária-chaqueada, cuja produção estava conectada com circuitos mercantis mais amplos. Assim, propomo-nos a investigar quantos escravos africanos foram levados às pias batismais, procurando responder: os batismos servem para o estudo desse processo? Para tanto, verificamos o percentual de africanos (frente aos nascidos no Brasil) batizados, o sexo dos mesmos, de que macrorregiões do continente africano eram originários, bem como quais nações mais aparecem. No geral, foram coletados mais de 14 mil registros de batismos. De antemão, é possível afirmar que o percentual de crioulos batizados era muito superior ao de africanos, mesmo em localidades onde o número de africanos, conforme censos demográficos, era superior. Da mesma forma, entre os africanos, havia um predomínio de homens e, também, de batizandos de nações da África Central (Congo, Benguela, Cabinda, etc.), embora o percentual de Mina/Nagôs não seja desprezível, especialmente a partir de meados a década de 1830. Por fim, na falta de documentação mais apropriada, podemos considerar que, sim, os batismos são fontes preciosas para o estudo do tráfico de africanos.

Keywords