Revista Espaço do Currículo (Sep 2010)
AS CONTRIBUIÇÕES DO PARADIGMA PÓS-ESTRUTURALISTA PARA ANALISAR AS POLÍTICAS CURRICULARES
Abstract
Neste trabalho procuro identificar o cientificismo como marca constituinte do discurso educacional, que favorece e sustenta o processo de naturalização dos conteúdos de ensino. Argumento que esta naturalização constituí e expressa uma dada hegemonia que privilegia um determinado modelo cultural em detrimento de outros possíveis. O trabalho se estrutura em três momentos. No primeiro procuro caracterizar, em linhas gerais, o pós-estruturalismo como modo de pensamento que questiona aspectos centrais do Humanismo e do Renascimento, que se expressam no projeto de modernidade. Depois busco identificar o processo de escolarização, que se desenvolve a partir do século XIX, e se consolida no século XX, como um processo a serviço da propagação do projeto cultural moderno homogeneizador. Neste exercício reflexivo lanço mão da análise dos relatos colhidos durante as entrevistas que realizei com professoras da rede municipal de ensino da cidade do Rio de Janeiro no período em que acontecia a implementação da proposta curricular da rede, a Multieducação (1996). Destes relatos emergiram as questões que motivam minhas reflexões no doutorado, e que têm encontrado no paradigma pós-estruturalista um referencial produtivo para análise.