Educação & Realidade (Jun 2016)
Deficiência, Surdez e Ideologia no Final do Século XX e Início do Século XXI
Abstract
A ideologia constitui um importante campo de luta para pessoas com deficiência e para as comunidades Surdas. Nas últimas décadas, duas ideologias – a da normalização e a dos direitos – têm oferecido diferentes respostas à questão do que significa ser deficiente ou Surdo. Ambas as ideologias emergiram no período após a Segunda Guerra Mundial, desafiaram práticas profissionais e estruturas institucionais há muito estabelecidas e recorreram às noções de direitos civis e humanos. Contudo, a da normalização é fundamentalmente paternalista na medida em que a correção é vista como uma questão de competência profissional, negociada em círculos acadêmicos e domínios de prática profissional. Em comparação, uma ideologia dos direitos é baseada em um modelo social de deficiência e em um modelo sociocultural de surdez que se opõem à exclusão dos Surdos e das pessoas com deficiência de funções estratégicas e participativas na definição de problemas, na formulação de políticas e na tomada de decisões. Enquanto a normalização procura erradicar ou atenuar a diferença, uma perspectiva dos direitos defende o reconhecimento e o respeito à diferença; enquanto a ideologia normalizadora busca soluções na competência e nas mudanças organizacionais, os movimentos de pessoas com deficiência e das comunidades Surdas defendem que respostas mais satisfatórias podem ser encontradas no campo da política e do poder.