Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DE CITOCINAS INFLAMATÓRIAS EM PLASMA E SALIVA DE PACIENTES COM DOENÇA DO ENXERTO CONTRA O HOSPEDEIRO CRÔNICA

  • TC Reis,
  • VTM Galves,
  • MJ Pagliarone,
  • MA Costa,
  • TCM Costa,
  • F Traina,
  • LMAR Innocentini,
  • AG Lourenco,
  • ACJ Vieira,
  • CC Mesquita,
  • SK Haddad,
  • ESR Sandoval,
  • DT Covas,
  • LD Macedo

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S912

Abstract

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A doença do enxerto contra o hospedeiro crônica (DECHc) é uma importante complicação tardia do transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas (alo-TCTH). A identificação de marcadores que possibilitem o diagnóstico precoce, predizer risco ou gravidade da DECHc é de suma importância. A utilização da saliva para análise de biomarcadores é pouco relatada e pode ser uma estratégia promissora quando comparada ao plasma. O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil de citocinas inflamatórias no plasma e na saliva de pacientes submetidos ao alo-TCTH que desenvolveram ou não a DECHc. Para isso, foi realizado um estudo de coorte prospectivo no qual amostras de plasma, saliva, índices de saúde bucal, medida de dor e de fluxo salivar foram coletados no pré transplante (T0), no momento do diagnóstico da DECH crônica (T1-DECHc), ou ao completar 1 ano pós TCTH nos pacientes que não desenvolveram a doença (T1- Não DECHc). Foram incluídos 41 pacientes, 26 do sexo masculino, média de 34,04 (± 15,96) anos, 31% deles desenvolveram DECHc. Os pacientes que desenvolveram DECHc apresentaram maior expressão de IL-6 (0,036 ± 0,0171 × 0,025 ± 0,0189, p = 0,034) em plasma e de IL-8 (0,434 ± 0,198 × 0,425 ± 0,549, p = 0,055) e IL-6 (0,146 ± 0,208 × 0,0624 ± 0,145;, p = 0,009) em saliva no momento do diagnóstico da doença, quando comparado ao T1-Não DECHc. Maior expressão de TNF-α em saliva (0,442 ± 1,00E0 × 0,000 ± 0,000; p = 0,026) foi observada no T0 de pacientes que não desenvolveram DECHc. Pacientes que desenvolveram DECHc em boca + outros órgãos apresentaram maior expressão sérica de IL-8 (0,018 ± 0,012 × 0,012 ± 0,010; p = 0,04), IL-1β (0,158 ± 0,090 × 0,057 ± 0,064; p = 0,045), IL-6 (0,051 ± 0,011 × 0,027 ± 0,0179; p= 0,053); e de IL-8 (0,677 ± 0,128 × 0,404 ± 0,453; p = 0,024), IL-6 (0,345 ± 0,391 × 0,070 ± 0,126; p = 0,057) em saliva no diagnóstico, quando comparado ao T1 não DECH. O desenvolvimento de DECHc em outros órgãos (não incluindo a boca) se relacionou com maior expressão de IL-6 salivar (0,132 ± 0,0887 × 0,089 ± 0,186; p = 0,047) e menor de lactoferrina em saliva (0,194 ± 0,191 × 0,067 ± 0,030; p = 0,016) em T1. Adicionalmente, observamos maior expressão das citocinas inflamatórias em saliva quando comparado ao plasma: IL-8, IL-1β, lactoferrina (p < 0,000) em T0 e IL-8 (p < 0,0000), IL-1β (p = 0,001), IL-6 (p = 0,048) e lactoferrina (p < 0,0000) em T1, incluindo DECHc e não DECHc. Na avaliação da expressão de citocinas entre os diferentes tempos (T0 × T1), os pacientes que não desenvolveram DECHc apresentaram maior quantificação de citocinas no pré transplante: IL-1β sérica (p = 0,003), IL-8 salivar (p = 0,007) e IL-1β salivar (p = 0,013). Entre os pacientes que desenvolveram DECHc, não houve diferença estatística na quantificação de citocinas entre T0 e T1. Acreditamos que a maior expressão de citocinas em T0 quando comparado ao T1 nos pacientes sem DECHc se deva à terapia sistêmica utilizada no tratamento onco-hematológico antes do TCTH e que, a ausência de diferença na quantificação de citocinas em T0 e T1 de pacientes com DECHc evidencie altos níveis de citocinas encontradas no desenvolvimento da DECHc, contrastado com a queda nos pacientes que não desenvolveram DECHc. Tais achados nos permitem concluir o potencial do uso da saliva para avaliação de marcadores infamatórios da DECHc, mesmo quando a manifestação ocorra de forma sistêmica, não envolvendo a boca.