Religião e Sociedade (Jul 2010)
Misticismo do cálculo e a ascese consumista: razão e fé no "crer sem pertencer" e no neopentecostalismo
Abstract
A cultura do cálculo engendra duas formas de individualização: 1) o isolamento do indivíduo como "peça" nos processos formalizados (nos repetitivos ciclos do consumo e na lógica organizacional da burocracia), o qual coloca a consciência numa condição de heteronomia; 2) a liberdade do homem decorrente da possibilidade de controlar a natureza física e social, que desenvolve uma condição de autonomia da consciência. Na última vertente, o cálculo acaba por lidar com seus próprios limites e, portanto, está destinado a agir no limiar do misticismo. As duas principais formas de desinstitucionalização religiosa de nossos dias, quais sejam, a representada pelos movimentos neopentecostais (de recorte consumista) e a chamada "secularização encantada" (de recorte místico), remontam àquelas duas forças individualizantes da cultura do cálculo.The calculation culture engenders two forms of individualization: a) isolation of individuals in steps of formalized processes, i.e. in repetitive cycles of consumption and in organizational logic of bureaucracy; which puts self in a condition of heteronomy. b) freedom of men to obtain the possibility to control physical and economical nature by mathematical calculation, which develops a condition of autonomy of the self. In this latter form, the calculation ends up matching its own limits so that it is destined to act on the border-line of mysticism. The most important present-day forms of religious deinstitutionalization, which were the neo-pentecostal movements (with their consumerist accents), and the so-called "enchanted secularization" (with its mystic horizons), refer to those two forces of calculation culture.
Keywords