Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)
ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE MISTA SECUNDÁRIA A HEPATITE C
Abstract
Objetivo: Relatar um caso de anemia hemolítica autoimune secundária a hepatite C do Hospital de Base de São José do Rio Preto. Metodologia: Os dados foram obtidos de forma sistemática por meio de entrevista e revisão do prontuário. Relato de caso: Paciente feminino, 57 anos, com histórico prévio de drogadição, encaminhada ao serviço do Hospital de Base devido oclusão aortoilíaca para avaliação e abordagem da cirurgia vascular. Solicitado reserva transfusional para ato cirúrgico, e ao ser realizado testes pré transfusionais evidenciado: Pesquisa de anticorpos irregulares positiva, teste de Coombs positivo com presença de anticorpos da classe IgG, IgM e da fração C3d. Solicitado então, avaliação da hematologia que realizou os seguintes exames de triagem: Hb: 11,16 g/dL Ht: 30,2% RDW: 18,8 VCM: 103 fL HCM: 38 pg Leucocitos: 11.750/mm3 Plaquetas: 161.000/mm3, reticulócito corrigido: 4,7%, Bilirrubina total: 0,36 mg/dL (indireta: 0,19 mg/dL), haptoglobina: 1 mg/dL, provas reumatológicas negativas, sorologia positiva para anti HVC com detecção de carga viral de 287.000 UI/mL. Discussão: Anemias hemolíticas autoimunes são caracterizadas por produção de anticorpos contra os próprios eritrócitos. Elas são classificadas a depender da temperatura em que os anticorpos se ligam aos eritrócitos. Na anemia hemolítica ao frio a temperatura ótima de reação ocorre entre 0-4°C e ela corresponde por cerca de 25% dos casos. Já na anemia hemolítica a quente a temperatura ótima de reação ocorre aos 37°C. Na anemia hemolítica mista o plasma possuirá anticorpos quentes (IgG) e frios (IgM). As anemias hemolíticas podem ser primárias (idiopática) ou secundárias a diversas causas como: uso de fármacos, neoplasia, distúrbios linfoproliferativos, reumatológicos ou infecciosos. O quadro clínico decorre principalmente dos sintomas relacionados a anemia. As anemia hemolítica autoimune quente e as mista possuem boa resposta a corticoterapia diferentemente dos casos de anemia hemolítica a frio. Nos casos secundários o tratamento principal deve ser direcionado a doença subjacente. Conclusão: Ao nos depararmos com quadro sugestivos de anemia hemolítica autoimune sempre devemos atentar para investigação de causas secundárias. No caso descrito acima foi possível identificar associação com o vírus C e com isso um tratamento direcionado ao fator subjacente poderá levar ao controle e até a resolução do quadro de hemólise.