Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)
Perfil de PRMs e intervenções farmacêuticas realizadas em enfermaria de clínica médica em um Hospital Universitário
Abstract
Introdução: A segurança do paciente, no que tange o uso racional de medicamentos, tem sido um tema de destaque no cenário mundial nos últimos anos, principalmente após o lançamento do Terceiro Desafio Global para Segurança do Paciente pela OMS em 2017. Neste contexto, a atuação do farmacêutico clínico propicia uma maior redução nos danos relacionados ao uso de medicamentos causados aos pacientes. Objetivo: Avaliar o perfil dos Problemas Relacionados a Medicamentos e intervenções realizadas por farmacêutico clínico em uma enfermaria de clínica médica do Hospital Universitário Professor Edgard Santos. Métodos: Foi realizado um estudo transversal, descritivo e retrospectivo sobre os Problemas Relacionados ao uso de Medicamentos (PRMs) e intervenções farmacêuticas realizadas em uma enfermaria de clínica médica de um Hospital Universitário, no período de janeiro a dezembro de 2021. Os PRMs foram identificados através da avaliação das prescrições médicas, análise das condições clínicas e necessidades terapêuticas dos pacientes assistidos. Os PRMs identificados foram classificados como Indicação, Efetividade, Segurança ou Adesão. As intervenções foram efetivadas junto a equipe multiprofissional, sendo acompanhado seus desfechos. Resultados e Discussão: No período avaliado, foram assistidos 592 pacientes, sendo contabilizados 405 PRMs. Destes, 36% correspondem a PRM de Segurança, 31% PRM de Efetividade, 23% PRM de Indicação e 11% PRM de Adesão. Dentre as causas de PRM de Segurança, a maior prevalência foi de Dose inadequada (38%), seguido de Medicamento perigoso para o paciente e Frequência inadequada, com 19% e 18%, respectivamente. Para os PRMs de Efetividade, Dose inadequada (43%), Frequência inadequada (32%) e Existência de um medicamento mais efetivo (12%) foram as causas com maior representatividade. Tiveram maior relevância para os PRMs de Indicação, a necessidade de Tratamento profilático (42%), seguida de Ausência de indicação (16%) e Tratamento duplicado (16%) e por fim, Transtorno não tratado (14%). Contribuíram para os PRMS de Adesão, Indisponibilidade do Medicamento (82%) e Falta de compreensão pelo paciente (16%). Foram realizadas intervenções para todos os PRMs, havendo aceitabilidade em 99% dos casos. A maioria das intervenções foram destinadas à equipe médica (83%). Do total de intervenções realizadas, 79% foram de caráter corretivo, sendo as mais prevalentes: ajuste de dose, ajuste de posologia, suspensão de medicamento e início de terapia medicamentosa. As intervenções educativas representaram 13% do total de intervenções efetivadas e as preventivas 8%. Conclusão: A presença do farmacêutico clínico na enfermaria propicia uma atuação expressiva, seja na avaliação das prescrições médicas, seja no seguimento farmacoterapêutico dos pacientes. A prevenção e correção de potenciais danos e Problemas Relacionados a Medicamentos contribui para o uso racional dos medicamentos e para a segurança do paciente.