Kínesis (Feb 2025)

O CAMPO COMO PARADIGMA BIOPOLÍTICO DO MUNDO MODERNO: UM DIÁLOGO COM HANNAH ARENDT E GIORGIO AGAMBEN

  • Paloma Custódio Soares,
  • Lucas Barreto Dias

DOI
https://doi.org/10.36311/1984-8900.2024.v16n41.p266-283
Journal volume & issue
Vol. 16, no. 41

Abstract

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Este artigo busca, a partir da visão de Hannah Arendt e Giorgio Agamben, compreender os conceitos de modernidade e campo. Para tanto, partimos da interpretação agambeniana de que seria possível traçar uma distinção conceitual entre os termos gregos zoé e bíos, isto é, entre a vida natural e a vida política. Essa perspectiva teórica auxilia a fundamentar as compreensões da modernidade realizadas tanto por Arendt quanto por Agamben, posto que ambos percebem nesse período o advento de uma indistinção entre o que é do âmbito público e do privado, subvertendo a diferença entre vida natural e vida política e, junto a isso, levando tanto a uma decadência da esfera pública quanto a uma reconfiguração da esfera privada. A confusão e esvaziamento destes dois âmbitos da existência proporcionará que governos totalitários se utilizem da vida nua, para Agamben, e da promoção do animal laborans, segundo Arendt, como forma de manutenção do seu próprio domínio na contemporaneidade. Seguindo a interpretação de Agamben, a esta estratégia se denomina biopolítica, isto é, uma política sobre a vida das populações. Este trabalho tem como objetivo definir o campo como condicionado pela modernidade europeia a partir do uso da vida nua como centro do poder soberano, fazendo uma relação com o conceito de animal laborans, de Hannah Arendt. Para isto, será realizada uma pesquisa bibliográfica a partir, principalmente, de duas obras: A condição humana, de Hannah Arendt, e O poder soberano e a vida nua I, de Giorgio Agamben.

Keywords