Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
SERVIÇO SOCIAL E HEMOTERAPIA: CONSIDERAÇÕES Á CERCA DA INTERVENÇÃO PROFISSIONAL DE ASSISTENTES SOCIAIS NA FUNDAÇÃO HEMOMINAS
Abstract
O presente trabalho é parte da construção do projeto de tese de doutorado, que possui como tema “O Serviço Social na hemoterapia: efetivação do direito à saúde”. Consideramos a temática necessária e atual frente à conjuntura posta, especialmente no que tange os históricos ataques que a política e os serviço de saúde vem sofrendo em nosso país. Nesse cenário, o trabalho de assistentes sociais, quando orientados pelo projeto ético-político hegemônico no Serviço Social, tem buscado construir estratégias de enfrentamento dos desafios postos, assumindo, muitas vezes, posturas de resistência no embate entre a desconstrução e a defesa de diretos, contribuindo para o fortalecimento dos princípios e das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Desde a sua gênese até a Constituição de 1988, a saúde, enquanto política pública, foi tratada em nosso país, hegemonicamente pela angulação de seus aspectos biológicos. Com todos os avanços propiciados pelo Movimento de Reforma Sanitária, a partir de 1970, gradativamente passamos a compreender o processo saúde-doença de maneira ampliada. Foi nesse contexto que surgiram os Hemocentros em nosso país, através do Programa Nacional do Sangue e Derivados (Pró-Sangue), contendo diretrizes básicas para a sua implantação em todo território brasileiro, visando o aprimoramento da coleta de sangue e o substancial aumento da qualidade dos hemocomponentes. O Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais (Fundação Hemominas), foi inaugurado em Belo Horizonte em 1985, onde atualmente compõe o Sistema Estadual de Saúde e o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados (SINAVAN) e é vinculada à Secretaria do Estado de Minas Gerais (SES-MG), integrante do SUS. Sua estrutura física é composta pela Administração Central, um Centro de Tecidos Biológicos e trinta e nove unidades regionalizadas, entre Hemocentros, Hemonúcleos, Unidades de Coleta e Transfusão e Postos Avançados de Coleta Externa. Na área da hemoterapia e hematologia, o Serviço Social foi visto como uma profissão estratégica para o desenvolvimento das ações, devido ao seu perfil. Não apenas na atuação assistencial nos ambulatórios, prestando atendimento aos/as usuários/as com coagulopatias hereditárias e hemoglobinopatias e suas famílias. Como também, nas ações de captação de doadores voluntários de sangue e medula óssea. A equipe de assistentes sociais na Fundação, conta com 15 profissionais em toda a rede estadual. Ativar na população a vontade de doar de forma voluntária e altruísta esbarra na atual configuração e utilização do termo solidariedade, em uma perspectiva ideológica neoliberal, de desresponsabilização do Estado e atuação da sociedade civil frente à garantia dos direitos sociais, nossa hipótese é que, através do resgate desse conceito aliado à uma intervenção crítica, a política pública hemoterápica pode se efetivar na ordem do direito social e da atuação cidadã, fortalecendo as relações sociais. O desafio é trabalhar a mudança cultural da população e a mudança de paradigma, vinculando a noção de solidariedade e altruísmo às perspectivas de direito e cidadania com ênfase no acesso à política pública de saúde, através de uma perspectiva crítica, assim como estabelece o projeto ético-político da profissão. Nesse sentido, faz-se necessário que assistentes sociais tenham clareza sobre o seu papel, a sua função no campo da saúde, enquanto coletivo profissional que deve construir uma atuação voltada para a defesa do SUS enquanto direito.