Acta Médica Portuguesa (Aug 2012)

Crescimento e puberdade na diabetes mellitus tipo 1 – experiência de uma unidade de endocrinologia pediátrica

  • Catarina Timóteo,
  • Susana Castanhinha,
  • Carolina Constant,
  • Brígida Robalo,
  • Carla Pereira,
  • Lurdes Sampaio

DOI
https://doi.org/10.20344/amp.63
Journal volume & issue
Vol. 25, no. 4

Abstract

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Introdução: a Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é a doença crónica endócrino-metabólica mais frequente em idade pediátrica. Associa-se a complicações vasculares e neuropáticas, podendo afectar também o crescimento e desenvolvimento. Objectivo: relacionar o controlo metabólico e duração da doença com o crescimento e puberdade em jovens com DM1 seguidos em consulta de Endocrinologia Pediátrica de um Hospital Central. Material e métodos: estudo retrospectivo analítico. Amostra obtida a partir dos doentes com DM1 seguidos na Unidade de Endocrinologia Pediátrica do Hospital de Santa Maria (HSM) (Lisboa, Portugal) desde 1994 até Março de 2011. Critérios de inclusão: doentes diagnosticados antes do início da puberdade e com atingimento da estatura final durante o período de seguimento. Variáveis estudadas: sexo; idade, peso e estatura ao diagnóstico e final; estatura dos pais; velocidade de crescimento; ganho estatural pubertário; idade da menarca e controlo metabólico durante a puberdade. Resultados: 39 doentes, 51% sexo feminino, 82% com diagnóstico há menos de 5 anos quando iniciou a puberdade. Cinquenta e quatro por cento apresentou, durante a puberdade, HbA1c média entre 8-10%, que se considerou razoável. Parece haver uma tendência para uma associação inversa entre a HbA1c e a velocidade de crescimento máxima e o ganho estatural pubertário, embora sem significado estatístico. Constatadas estaturas superiores à média da população da mesma idade/sexo aquando do diagnóstico (z-score: sexo masculino 0,9 e sexo feminino 0,5) e posterior perda de estatura durante a puberdade, ainda assim com estaturas finais dentro dos parâmetros da normalidade e adequadas à estatura alvo. Discussão e conclusões: embora o mau controlo metabólico pareça influenciar negativamente a velocidade de crescimento máxima e o ganho estatural pubertário, este grupo de doentes não apresentou compromisso evidente da estatura final.