Opus (Dec 2021)

Arte concreta em São Paulo e a música “popcreta” do Grupo Música Nova

  • Fernando de Oliveira Magre

DOI
https://doi.org/10.20504/opus2021c2723
Journal volume & issue
Vol. 27, no. 3

Abstract

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O Concretismo foi um marco no campo das artes plásticas mundial. Em fins dos anos 1940, essa estética se introjetou na plástica brasileira, tornando-se, na década seguinte, o paradigma da pintura no país. Sua disseminação atingiu outros campos artísticos, fecundando o solo para o surgimento da poesia concreta e resvalando sobre a música de vanguarda do Grupo Música Nova. Com o golpe militar, o projeto formalista do Concretismo se abriu para uma fase semântica, que se tornou conhecido como popcreto devido a uma exposição realizada pelo artista plástico Waldemar Cordeiro e por Augusto de Campos, com participação musical de Damiano Cozzella. Neste trabalho, partimos do pressuposto de que é possível identificar na música do Grupo Música Nova, especialmente em sua música-teatro, um dos procedimentos mais característicos do Concretismo paulista em sua fase semântica, a saber: a crítica social por meio da incorporação de objetos oriundos da cultura de massa e da sociedade de consumo. Para tal, fazemos uma análise comparativa entre o Manifesto Música Nova, publicado em 1963 pelo referido grupo, e textos de Waldemar Cordeiro e seus estudiosos. A partir da consonância encontrada entre os textos, analisamos a obra Cidade de Gilberto Mendes, composta em 1964, sobre o poema concreto de Augusto de Campos, identificando como tais procedimentos se materializam em uma composição musical. Chegamos à conclusão de que a música-teatro, por sua característica cênico-musical – portanto, visual e sonora –, ofereceu os meios para a elaboração do Concretismo semântico, popcreto, dentro do campo da música de concerto brasileira.

Keywords