Revista Brasileira de Educação Médica ()

Raciocínio Clínico de Estudantes de Medicina no Ciclo Básico

  • Gustavo Henrique Bregagnollo,
  • Djon Machado Lopes,
  • Bruna Morais Barbosa,
  • Ana Maria Nunes de Faria Stamm

DOI
https://doi.org/10.1590/1981-52712015v41n1rb20160014
Journal volume & issue
Vol. 41, no. 1
pp. 44 – 49

Abstract

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RESUMO Introdução As estratégias de raciocínio clínico têm como fundamento teórico os modelos hipotético-dedutivo e indutivo. O primeiro se baseia na geração de hipóteses a partir do conhecimento acerca das patologias, e o segundo, em generalizações com base nos dados do caso ou reconhecimento de padrão. O pensamento de um médico ou estudante pode ser avaliado por meio da técnica think aloud (TTA). Objetivos Identificar as estratégias de raciocínio clínico e a organização e conteúdo do conhecimento de acadêmicos de Medicina na resolução de um caso clínico protótipo em Clínica Médica por meio da aplicação da TTA. Método Estudo qualitativo realizado com estudantes de graduação em Medicina no final do ciclo básico em uma universidade pública brasileira ao longo de 2014. A partir da teoria dos protótipos e da percepção de 41 alunos sobre sinais, sintomas, síndromes e doenças típicas na Clínica Médica, construiu-se um caso clínico. A TTA foi aplicada individualmente a 30 estudantes, sorteados da amostra inicial, para obter a gravação em áudio da verbalização do processo de raciocínio frente ao caso apresentado. A transcrição das falas permitiu avaliar os textos por análise de conteúdo e identificar os processos de interpretação e combinação, bem como categorizar as estratégias de raciocínio. Foram ainda identificados os eixos semânticos, que foram classificados nas categorias de sintomas, sinais, síndromes, doenças, dados factuais e processos. Resultados Foram elaboradas 105 hipóteses diagnósticas principais (HDP), de 12 tipos distintos, identificadas como primárias, e 12 como secundárias, com média de 3,5 hipóteses principais por aluno. Na elaboração das HDP, predominou a estratégia Esquema-Indutivo (E-I) = 42,3%, seguida pelo Reconhecimento de Padrão (R-P) = 21,2%, Mista E-I (15,4%), Mista R-P (10,6%) e Hipotético-Dedutiva (10,6%). Quanto a organização e conteúdo do conhecimento, houve média de 12,9 eixos semânticos por aluno, 20,9 processos de interpretação e 6,8 de combinação. Conclusões A estratégia de raciocínio indutiva é predominante na elaboração de HDP entre acadêmicos de Medicina no final do ciclo básico. Os alunos apresentam uma rede semântica sólida e habilidade nos processos de interpretação, mas reduzida capacidade de associação quando comparados a médicos experientes.

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