FronteiraZ (Jul 2020)

A jangada de pedra: entre o (neo)fantástico e o alegórico

  • Maristela Scheuer Deves

DOI
https://doi.org/10.23925/1983-4373.2020i24p199-209
Journal volume & issue
Vol. 0, no. 24
pp. 199 – 209

Abstract

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O desgarramento da Península Ibérica em relação ao restante da Europa, apresentado pelo escritor português José Saramago no romance A jangada de pedra, pode parecer ao leitor uma história fantástica. Entretanto, sua publicação justamente quando Portugal e Espanha ingressavam na então Comunidade Europeia permite a leitura da obra como alegoria – o que, segundo as teorias de Tzvetan Todorov, eliminaria a classificação de fantástico. Utilizando-se, porém, a lente do neofantástico tal como proposto por Jaime Alazraki, é possível admitir o enquadramento do livro nesse gênero. Com o afastamento temporal de mais de três décadas e a consciência de que nem todos os leitores carregam o conhecimento do contexto em que a obra foi escrita, este artigo propõe que as duas leituras de A jangada de pedra são admissíveis: a (neo)fantástica e a alegórica.

Keywords