Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)

EMPIEMA EPIDURAL RESULTANDO EM PARAPLEGIA - RELATO DE CASO EM HOSPITAL DE INFECTOLOGIA E DOENÇAS TROPICAIS DA AMAZÔNIA OCIDENTAL

  • Brenda K.S. Silva,
  • Renata Gonçalves Santos,
  • Juliana A.S. Barros,
  • Fellipe R. Pereira,
  • Maiara C.F. Soares,
  • Marcelo S.S. Carvalho,
  • Elza G.B. Pereira,
  • Angela G.C.S. Melo,
  • Angelo F. Almeida,
  • Erica M.G. Pinheiro

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102625

Abstract

Read online

Introdução: O empiema epidural espinhal é uma infecção supurativa do sistema nervoso central que pode estender-se de forma ampla por todo o canal raquiano. É mais frequente em homens de meia idade. Fatores associados a essa infecção são diabetes, alcoolismo, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), transplante, uso de drogas intravenosas, foco séptico à distância e colocação de cateter peridural para analgesia. O microrganismo mais implicado é o Staphylococcus aureus (50%-90%), seguido de bacilos gram-negativos (10%-17%), Streptococcus (8%-17%) e flora polimicrobiana (5%-10%). Objetivo: Relatar e discutir um caso raro de empiema epidural espinhal em um hospital de doenças tropicais da região norte, disseminado através de via hematogênica. Método: R.V.O.L., 17 anos, sexo masculino, estudante, natural de Cacoal-RO e procedente de Nova Mamoré-RO. Paciente procurou pronto socorro do Centro de Medicina Tropical do estado de Rondônia com quadro de dorsalgia e febre há 8 dias evoluindo agudamente com paraplegia e disfunção esfincteriana 1 dia antes da admissão. O paciente possuía história de piodermite em pé direito drenado com expressão manual há 15 dias. Ao exame apresentava-se febril, taquicárdico, paraplégico com nível sensitivo em T4-T5, rigidez de nuca e sinal de Lhermitte positivo. Resultados: A Ressonância Nuclear Magnética evidenciou abscesso epidural torácico com efeito compressivo sobre estojo dural de T1 a T6. Diante disso, foi realizada laminectomia descompressiva e drenagem de material purulento epidural. Na cultura do material colhido foi isolado Staphilococcus aureus. Após 4 semanas de antibioticoterapia venosa recebeu alta ainda com quadro de paraplegia e distúrbios esfincterianos. Conclusão: Sabe-se que os casos de empiema epidural encontrados na literatura são majoritariamente causados pela bactéria Staphilococcus aureus, o que corrobora com essa discussão. No caso relatado, a presença de furunculose cutânea prévia foi considerada fortemente como a fonte de disseminação hematogênica como o mais provável mecanismo de entrada, coincidindo com as descrições da literatura. Portanto, os sinais e sintomas neurológicos associados a história de lesão de pele e febre reforçam a necessidade de atenção para o diagnóstico precoce dessa enfermidade que apesar de rara apresenta elevada morbidade.