Revista Subjetividades (May 2016)
Abuso Sexual e Resiliência: Enfrentando as Adversidades
Abstract
O estupro, um tipo de abuso sexual, é um crime universal, ilegal e subnotificado, praticado contra a liberdade sexual de uma pessoa. Pode ser definido como um ato de força em que a pessoa agressora obriga a outra a manter relação sexual contra sua vontade. As vítimas preferenciais têm sido do sexo feminino, mesmo quando crianças e adolescentes. É considerado um problema de saúde pública devido à sua elevada incidência e às graves consequências para a saúde. Esta pesquisa investigou a percepção de jovens mulheres vitimadas sexualmente sobre as consequências que a violência trouxe a sua saúde com relação aos aspectos emocional, físico e comportamental, bem como as estratégias de superação dos agravos oriundos da violência e que indicadores elas usaram para afirmar que superaram os efeitos nefastos a sua saúde. Foram entrevistadas dezoito mulheres, sendo doze vítimas de abuso extrafamiliar e seis de abuso intrafamiliar. Os dados foram analisados através da utilização da técnica de análise de conteúdo temática. Verificamos que para as mulheres do grupo extrafamiliar os efeitos negativos da ocorrência na saúde permaneciam, mesmo após a passagem de um ano do ocorrido, dificultando seus relacionamentos sexuais, sociais e familiares. Elas não contaram com o apoio de familiares e de profissionais. Nas mulheres do grupo intrafamiliar, identificamos uma crescente mobilização para superar o estresse e as consequências nocivas da ocorrência e retomar a vida. O apoio familiar e social atuaram como facilitadores no desenvolvimento de comportamentos resilientes e no enfrentamento dos efeitos adversos da violência sofrida.