Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA B COM FRATURAS PATOLÓGICAS COMO APRESENTAÇÃO INICIAL: RELATO DE CASO

  • SH Nunes,
  • CRS Nunes,
  • S Garcia,
  • LVD Valle,
  • COC Vieira,
  • TS Gregório,
  • LAO Ananias,
  • MC Pedro,
  • E Pena,
  • JSR Aragão

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S434 – S435

Abstract

Read online

Introdução: A leucemia linfoblástica aguda B (LLA-B) é uma neoplasia de células B precursoras caracterizada pela proliferação de linfoblastos na medula óssea, com comprometimento da hematopoese. O acometimento extramedular pode ocorrer, principalmente linfonodal. Outros sítios menos frequentemente podem ser acometidos, havendo raros relatos de acometimento ósseo. Objetivo: Relatar um caso raro de um paciente adulto jovem cuja apresentação clínica que levou ao diagnóstico da LLA-B foi uma dor cervical, associada a fratura detectada radiologicamente. Descrição do caso: Paciente de 24 anos, sem comorbidades, com quadro de cervicalgia após atividade física, com piora progressiva impedindo a rotação do pescoço. Tomografia computadorizada evidenciou lesões líticas disseminadas, acometendo calota craniana, corpos vertebrais, ilíaco, fêmur e esterno. Não apresentava adenomegalias ou hepatoesplenomegalia e o hemograma era normal. Realizada biópsia da lesão cervical que evidenciou neoplasia de células redondas infiltrando osso, com imunohistoquímica positiva para CD 10, CD 99 e TdT, caracterizando uma neoplasia de células b precursoras. A avaliação da Medula Óssea evidenciou 20% de blastos de mesmo fenótipo, além de detectada expressão adicional de CD19, CD22, cCD79a+, nuTdT+, CD9 heterogeneo, CD123 fraco, CD66c heterogeneo, CD58+, CD33 parcial fraco, CD13 fraco, HLA-DR++. Definido o diagnóstico de Leucemia Linfoblástica Aguda B. Cariótipo masculino normal e pesquisa de BCR-ABL negativa, sem acometimento do Sistema Nervoso Central. Realizou radioterapia da lesão cervical, seguido de quimioterapia de indução com protocolo GMALL. Apresentou remissão medular completa após término da indução, porém apresentava 0,86% de blastos na semana 16, caracterizando Doença Residual Mínima positiva. Atualmente, em tratamento com Blinatumomabe e programação de transplante de medula óssea alogênico. Discussão: Apresentamos um caso de LLA-B diagnosticado através de uma apresentação clínica atípica, com acometimento ósseo e fratura patológica. Além disso, não havia expressão da doença no sangue periférico, o que pode ter levado a um atraso no diagnóstico. O acometimento ósseo na LLA-B é raro e, até onde sabemos, esse é um dos únicos casos em que a doença óssea evoluiu para fratura patológica. Estudos sugerem que a proteína de adesão celular vascular 1 (VCAM-1) recruta e ativa osteoclastos, resultando em destruição óssea e aumento do crescimento tumoral. O receptor para VCAM-1, denominado antígeno da integrina muito tardia 4 (VLA-4), é uma molécula chave para o direcionamento, retenção e desenvolvimento inicial de células B no ambiente da medula óssea. Um segundo regulador chave é o receptor de quimiocina CXCR4, em conjunto com seu fator 1 derivado de células estromais ligante (SDF-1, CXCL12). Os sinais CXCL12/CXCR4 ativam o VLA-4 e a desregulação da sinalização CXCL12/CXCR4 pode contribuir para a osteólise. Acreditamos que uma desregulação desse mecanismo possa estar envolvida na apresentação clínica desse paciente. Conclusão: Apresentamos um caso de LLA-B com fratura patológica e ausência de expressão da doença no sangue periférico ao diagnóstico. Essa apresentação sugere a desregulação dos mecanismos de osteólise esquelética mediados pelas moléculas VCAM-1 e CXCR-4. Apesar de não terem sido investigadas nesse caso, acreditamos que essas vias de sinalização podem fornecer insights para possíveis abordagens terapêuticas direcionadas.