Psicologia: Ciência e Profissão (Mar 2021)

Afetividade no Território Quilombola: uma Práxis Possível da Psicologia

  • Ana Flávia de Sales Costa,
  • Odair José Câmara Edmundo

DOI
https://doi.org/10.1590/1982-3703003230161
Journal volume & issue
Vol. 40, no. spe

Abstract

Read online

Resumo O presente artigo originou-se de uma pesquisa de doutoramento no Programa de Pós-graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), na qual buscamos compreender de que maneira ampliar a potência de crianças e jovens enquanto sujeitos políticos em uma comunidade quilombola. A vertente teórica que guiou tal estudo foi a psicologia sócio-histórica. A metodologia foi a de pesquisa-intervenção psicossocial, realizada por meio de observações e rodas de conversa com 14 crianças e jovens entre 7 e 18 anos de idade, de Lagoa Trindade, localizada em Jequitibá, interior de Minas Gerais (Brasil). A comunidade quilombola pôde ser compreendida pela lógica dos afetos que circulam no território, levando-se em consideração a interlocução das relações raciais que permeiam os sujeitos políticos. Para além das limitações trazidas por uma desigualdade racial estrutural em nossa sociedade, que reproduz e sustenta lugares de privilégio e de exclusão, é necessário criarmos estratégias de fortalecimento da potência de vida que circula entre os povos negros, advinda de uma história de luta e de perseverança. Tal compreensão da potência política presente no território quilombola mostra-se um caminho privilegiado para atuação da psicologia.

Keywords