Artefilosofia (Apr 2017)
Razão e Nostalgia -
Abstract
Em relação aos problemas estéticos da fi losofi a da arte em geral, a música sempre se desenvolveu com certa autonomia. Sua afi nidade semântica com as outras artes sempre foi delicada e problemática, fazendo com que, na história da estética, ela oscilasse entre os extremos da “hierarquia” das artes. Tal particularidade ocorre porque a música sempre carregou um status próprio, conseqüência, principalmente, de dois problemas: a alta complexidade dos meios técnicos com os quais se realiza e a impossibilidade de expressar fatos racionais da linguagem cotidiana. A discussão acerca da superioridade ou inexpressividade da música como expressão artística pode ser colocada também em linhas gerais através da dicotomia racionalidade/irracionalidade: valorizada em seu caráter assemântico e não conceitual ela estaria no topo das artes, mas, no entendimento racional, ela cai para o último. Independente da opinião de tal ou qual autor no que diz respeito à expressividade da música como linguagem artística, essa discussão nos permite identifi car qual é o seu lugar na história do pensamento racional, bem como interpretar essa racionalidade partindo de um objeto que é tanto altamente racional (sua complexidade técnica) quanto nãoconceitual (sua assemanticidade).