Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
CONTAGEM DE GLÓBULOS VERMELHOS NUCLEADOS COMO MARCADOR DE DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO DE MORBIMORTALIDADE EM PACIENTES NEONATOS
Abstract
Introdução e objetivos: Glóbulos vermelhos Nucleados (NRBCs) são eritrócitos imaturos, comumente encontrados no sangue periférico de Recém-Nascidos (RNs) no nascimento. No RN podem ser observados alguns eritroblastos circulantes, cerca de 3 a 10 NRBC/100 leucócitos, que tendem a desaparecer cinco dias após o nascimento, em condições fisiológicas normais. A detecção de valores elevados de NRBCs indica a presença de um possível distúrbio da hematopoiese, sendo também sua contagem apontada como um auxiliador no prognóstico de várias condições patológicas no RN. Logo, torna-se importante avaliar por meio de uma revisão sistemática se a identificação da contagem elevada de NRBCs em neonatos em estados críticos pode ser útil como marcador diagnóstico, bem como no prognóstico de morbimortalidade neonatal. Materiais e métodos: Trata-se de uma revisão integrativa, de caráter descritivo e abordagem qualitativa, realizada nas bases de dados PubMed, Scielo, Web of Science e Lilacs. Para o levantamento foram usadas as palavras-chaves indexadas nos Descritores em Ciências da Saúde: “eritroblastos”; “neonato prematuro”; “hipóxia fetal”; “morbimortalidade neonatal”. Realizou-se a busca de artigos, na qual foram incluídos estudos entre os anos de 2015 e 2022, foram excluídos os que fugiam da temática em questão e fora do recorte temporal, restando 7 artigos para discutir. Resultados: A partir da busca realizada, estudos demonstraram que os NRBCs elevados estão associados a um mau resultado perinatal, caracterizados por um sinal de estresse intrauterino. O principal fator de risco para o aumento da produção de NRBCs no estado neonatal imediato, reflete principalmente lesão hipóxica fetal e uma resposta direta a mediadores de inflamação em RNs com sepse neonatal de início precoce. Discussão: Foi observado através dos estudos, que os pacientes neonatos com essa contagem elevada, iniciam episódios de hipóxia 28 a 29h antes do nascimento, sendo nos primeiros 2 a 5 dias de vida associados a taxas mais alta de mortalidade. Ademais, os NRBCs aumentados também foram encontrados em lactentes que supostamente sofreram hipóxia crônica devido à pré-eclâmpsia materna com ou sem restrição de crescimento. Diante disso, os NRBCs apresentaram bom desempenho como marcador prognóstico de mortalidade em neonatos com sepse, principalmente em prematuros, além de servir como um marcador discriminador para o diagnóstico precoce de hipóxia perinatal com excelente desempenho em neonatos prematuros. Portanto, através da pesquisa observou, que a combinação do grau NRBC + HIE (encefalopatia hipóxico-isquêmica) tem alto poder preditivo para determinar o prognóstico de asfixia em neonatos, pois a contagem de glóbulos vermelhos em RNs não deve ser considerada como o único determinante da gravidade ou duração da asfixia intrauterina. Conclusão: Os NRBCs são promissores como marcadores de doenças graves e podem ser úteis para monitorar pacientes em estado crítico nos primeiros dias de vida. No entanto, fica claro, que a identificação e a quantificação de NRBCs são de suma importância em termos diagnóstico e prognóstico, e sempre devem ser relatadas no laudo do hemograma.