Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (Jul 2024)

Vacinação em crianças e adolescentes: retrato das práticas atuais

  • Patrícia Miranda,
  • Pedro Gaspar,
  • Rui Passadouro,
  • Pascoal Moleiro

DOI
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v40i3.13541
Journal volume & issue
Vol. 40, no. 3

Abstract

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Introdução: O cumprimento do Programa Nacional de Vacinação associa-se a ganhos em saúde pública. A atualização dos que trabalham na área da vacinação deve ser uma preocupação dos serviços de saúde. Objetivos: Avaliar o conhecimento sobre as falsas contraindicações à vacinação pediátrica e caracterizar práticas de aconselhamento, comparando os resultados em função da categoria profissional, da atividade clínica, dos anos de carreira e do local de trabalho. Métodos: Estudo quantitativo, transversal, descritivo e correlacional, aprovado por comissão de ética. Dados recolhidos em questionário online anónimo, validado, com questões relativas a contraindicações à vacinação expressas no Programa Nacional de Vacinação e outras variáveis sociodemográficas, como a categoria profissional: M (médicos), E (enfermeiros); atividade clínica: PA (prescreve/administra vacinas em idade pediátrica), NPA (não prescreve/não administra); anos de carreira: A1 (<20), A2 (≥20); local de trabalho: CSP (cuidados de saúde primários), H (hospital/clínica privada). Análise estatística em SPSSÒ, α=0,05. Resultados: Obtiveram-se 430 respostas (56% E, 59% PA, 74% A2, 63% CSP). Os E e o grupo A2 consideram mais frequentemente a doença aguda ligeira (p<0,001) ou antecedentes de doença para a qual a criança será vacinada (p=0,02; p=0,004, respetivamente) contraindicações à vacinação versus M e A1. A doença aguda ligeira e a convalescença de doença são consideradas contraindicações por 43% PA vs 62% NPA (p<0,001) e 57% PA vs 71% NPA (p=0,004), respetivamente. Nos CSP 58% desaconselha a vacinação em caso de doença aguda ligeira vs 38% H (p<0,001), assim como em caso de terapêutica antibiótica concomitante (60% CSP vs 36% H, p<0,001). No entanto, reconhecem mais frequentemente o intervalo a respeitar entre a administração de vacinas inativadas (72% CSP vs 61% H, p=0,018). Conclusão: Globalmente, os profissionais pertencentes a M, A1, PA e CSP mostraram-se mais conhecedores das verdadeiras contraindicações à vacinação. Os resultados demonstram a necessidade de formação nesta área.

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