CSOnline (Jun 2022)
As “famílias que escolhemos” pelo Facebook
Abstract
O presente escrito trata da “Inseminação Caseira” em seres humanos. Diferente do que ocorre em clínicas e centros profissionais de reprodução assistida, sob o rótulo de Inseminação Caseira repousam alternativas informais e caseiras para a reprodução e constituição de arranjos familiares. Apoiado em materiais diversos (grupos temáticos na plataforma Facebook, reportagens, documentos e vídeos na plataforma YouTube), o objetivo deste artigo é analisar os modos pelos quais essa alternativa reprodutiva tem sido apresentada e que contribuições agrega para pensarmos temas tratados sob as rubricas parentesco, ciência e tecnologia. Para tal, intelectuais como Kath Weston, Marilyn Strathern, Charis Thompson e Claudia Fonseca foram consultadas como fonte de inspiração. Aliadas e outras referências que cito de forma pontual, essas intelectuais fornecem a grade teórica por meio da qual tento compreender a Inseminação Caseira e algumas de suas particularidades. As análises realizadas sugerem que, nas escolhas e práticas levadas adiante na busca pelo “sonho” da maternidade, tentantes e doadores negociam laços de pertencimento. Para tal, atuam tanto “naturalizando” aspectos que escapam de laços biogenéticos, quanto negando o que poderia ser considerado natural e irrevogável. Se em alguns momentos se atribui mais ênfase ou valor a aspectos biogenéticos, isso não impede que, de forma simultânea e proporcional, se invista na produção de outras tantas formas de conexão e pertencimento.
Keywords