Ornamental Horticulture (Jun 2007)

Morfologia de plântulas de doze espécies lenhosas do Cerrado sentido restrito

  • Gustavo Ribeiro Montoro,
  • Júnior Silva,
  • Manoel Cláudio

DOI
https://doi.org/10.14295/oh.v13i0.1842
Journal volume & issue
Vol. 13

Abstract

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Espécies da flora nativa têm sido utilizadas para arborização urbana devido ao aspecto de suas copas ou ao colorido de suas flores, carecendo de estudos que possibilitem seu adequado aproveitamento. A fase de plântula é um momento após a germinação muito crítico para o estabelecimento das espécies vegetais em seus ambientes naturais e/ou em viveiros, devendo-se conhecer as estratégias adotadas pelas espécies para se estabelecerem. Atualmente as plântulas são classificadas com base principalmente na exposição, posição e textura dos cotilédones durante este crescimento inicial. A compreensão e diferenciação das plântulas de uma determinada região podem levar a um melhor conhecimento dos mecanismos de manutenção desta vegetação, contribuindo nos trabalhos de inventário, conservação e recuperação. No presente trabalho foram estudadas doze espécies do Cerrado sentido restrito, as quais tiveram cinco matrizes marcadas e os frutos coletados em diferentes quantidades durante maio de 2006 e maio de 2007. Após aplicação dos tratamentos (escarificação ou 24 horas em ácido giberélico na concentração 0,5g.L-1 de água) 20 sementes foram semeadas a 1 cm de profundidade em sacos de polietileno para a formação das plântulas. O substrato utilizado foi o latossolo vermelho com esterco curtido de gado na proporção 1:3. Vale ressaltar que o substrato foi analisado quimicamente pela Escola de Agronomia -UFG. Os saquinhos foram colocados a pleno sol com duas irrigações diárias (06:00 / 16:00 hs) de ± 20 mL de água por saquinho. Para tal irrigação utilizou-se pulverizadores e temporizador. Após a emergência, as plântulas foram classificadas em fanerocotiledonares (cotilédones expostos), criptocotiledonares (cotilédones mantidos dentro do tegumento), epígeos (cotilédones elevados acima da superfície do solo), hipógeos (cotilédones mantidos abaixo ou sobre a superfície do solo), foliáceos (cotilédones finos e fotossintéticos) e de reserva (carnosos armazenadores). De acordo com esta classificação Aspidosperma tomentosum Mart., Terminalia argentea Mart., Kielmeyera coriacea (Spreng.) Mart., Lafoensia pacari A. St. Hil. e Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook F. ex S Moore apresentam plântulas faneroepígeas-foliáceas (FEF); Caryocar brasiliense A. St. Hil. é cripto-hipógeo-de reserva (CHR); Copaifera langsdorffi Desf., Enterolobium gummiferum (Mart.) J. F. Macbr., Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville e Hymenaea stignocarpa Mart. ex Hayne são fanero-epígeas-de reserva (FER); Eriotheca pubescens (Mart. & Zucc.) Schott & Endl. é fanero-hipógea-de reserva (FHR ) e Pseudobombax longiflorum (Mart. & Zucc.) A. Robyns foi classificada como FEF por apresentar cotilédones altamente pedicelados. Dos cinco grupos morfofuncionais possíveis, apenas o tipo criptocotiledonar-epígeo-de reserva não foi encontrado. Assim como em outras floras paleotropicais e neotropicais, as plântulas do Cerrado sentido restrito em geral apresentam seus cotilédones expostos sendo o tipo FEF o mais comum, seguido do tipo FER que predomina na família Leguminosae. Os tipos CHR e FHR foram representados por apenas uma espécie. Os resultados obtidos demonstram as diferentes estratégias adotadas pelas espécies para se estabelecerem em um ambiente tão heterogêneo como o do Cerrado sentido restrito, que passa por um período muito seco e outro muito úmido. As espécies com cotilédones carnosos retidos dentro da semente e/ou fruto como o Caryocar brasiliense dispersam suas sementes na estação chuvosa, garantido que suas plântulas se estabeleçam em um período seco. Já espécies com cotilédones foliáceos em geral dispersam suas sementes na estação seca, germinando e se estabelecendo na estação chuvosa. Esta característica é fortalecida com a formação de frutos ou sementes aladas, leves e de fácil dispersão pelo vento.

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