Diacrítica (May 2022)

Uma odisseia sem retorno

  • Ekaterina V,
  • Márcia Chagas Kondratiuk

Abstract

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A partir das traduções das crônicas de Arkadi Aviértchenko (A tragédia do escritor russo, 1920) e de Teffi (Que faire, 1920 e A cidadezinha, 1927) pretende-se analisar algumas questões que marcaram a primeira onda da emigração russa como isolamento; a ideia da recriação da Rússia no exterior e a perda gradativa das memórias e referências culturais e linguísticas. O gênero crônica parece especialmente propício a essa análise, uma vez que, por transitar entre ficção literária, registro histórico e jornalismo, permite capturar as impressões imediatas da primeira onda da emigração russa que se deu após a Revolução de 1917 e a Guerra Civil subsequente. Tomadas sob a ótica das epopeias mitológicas, as crônicas de Aviértchenko e Teffi revelam também o exílio como uma espécie de viagem para o mundo além-fronteiras em que tudo é virado às avessas e que se assemelha tanto ao Paraíso e ao Inferno. Em última perspectiva, essas narrativas do exílio remetem a uma tragédia humana universal, que é o encontro com o “outro”, com o estranho. No entanto, aqui, a angústia e a insegurança relacionadas ao exílio ganham novo significado quando são vivenciadas por meio da ironia, da subversão grotesca e da adaptação da linguagem.

Keywords