Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE DOADORES COM PESQUISA DE ANTICORPOS IRREGULARES POSITIVA EM UM SERVIÇO DE HEMOTERAPIA NA REGIÃO SUL
Abstract
Introdução: : A identificação de anticorpos irregulares em doadores de bancos de sangue é importante para minimizar reações transfusionais, pois esses anticorpos podem ocasionar riscos significativos para os receptores, principalmente aqueles que necessitam de suporte transfusional frequente. A pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) em doadores de sangue é uma ferramenta de triagem laboratorial essencial para garantir a segurança dos receptores, e a análise do perfil epidemiológico destes doadores é importante para auxiliar na compreensão do impacto clínico desses anticorpos irregulares no ciclo do sangue, desde a triagem até a transfusão. Objetivo: : Traçar o perfil epidemiológico dos doadores que apresentaram PAI positiva no serviço de hemoterapia. Método: : Foi realizada uma pesquisa retrospectiva no período de julho de 2023 a junho de 2024. A população avaliada foram indivíduos com PAI positiva. Os dados foram analisados através de estatística descritiva para avaliar a frequência das variáveis qualitativas: faixa etária, sexo e anticorpo encontrado. Resultados: : Durante o período estudado, foram realizadas 30.306 doações, das quais 81 apresentaram resultados positivos na PAI, o que representa 0,26% em relação ao total de doações. Observou-se que a maior frequência de resultados positivos era proveniente de doadores do sexo feminino (76,5%) com maior prevalência na faixa etária de 30 a 50 anos (66,6%). Em relação aos resultados encontrados, 73% dos anticorpos foram identificados, sendo anti -M o mais frequente (27,1%), seguido do anti- E (20,3%), anti – D (18,6%), anti-Dia (16,9%) e anti- K (5%) e demais anticorpos com frequência inferior a 5%. Além disso, constatou-se que o anti-D é o anticorpo encontrado com maior frequência em doadores do sexo feminino e o anti- M em doadores do sexo masculino. Discussão: : Através dos dados apresentados, é possível observar que a presença de anticorpos irregulares é mais frequente em doadores do sexo feminino na faixa etária de 30 a 50 anos, o que pode ser explicado pelo fato de que além da exposição transfusional, o desenvolvimento de anticorpos pode estar relacionado a respostas imunes secundárias materno-fetal. O anticorpo mais frequente, anti-M, é um comumente um anticorpo de ocorrência natural, apresentando pouca reatividade, estudos comprovam que sua temperatura ótima de reação é de 4ºC, sendo considerados de baixa relevância clínica. Os demais anticorpos dos sistemas Rh e Kell são de grande relevância clinica devido à alta imunogenicidade e alta relação com a doença hemolítica do feto e do recém-nascido, pois apresentam capacidade de atravessar barreira placentária. O antígeno Dia possui baixa incidência entre a população caucasiana, porém em populações sul-americanas possuem frequência de até 50%, sendo clinicamente insignificantes em países com maior índice de miscigenação. Conclusão: : Com base nos resultados apresentados pode-se sugerir que a presença de PAI positiva não é um evento frequente em doadores de sangue. Observou-se que dentro do serviço de hemoterapia avaliado neste levantamento, os anticorpos identificados com mais frequência foram: anti-M, anti-E, anti-D, anti-Dia e anti-Kell. O alto índice de identificação desses anticorpos irregulares contribui para a construção do perfil epidemiológico do serviço de hemoterapia e pode ser relevante para melhorias de estratégias de triagem e gestão institucional.