Arquitecturas del Sur (Jan 2024)

O habitar indígena e sua relação com a paisagem

  • Nauíra Zanardo-Zanin,
  • Ivone Maria Mendes-Silva,
  • Rodrigo Gonçalves do Santos

DOI
https://doi.org/10.22320/07196466.2024.42.065.05
Journal volume & issue
Vol. 42, no. 65

Abstract

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O presente artigo busca tecer relações entre o habitar, a paisagem e os povos originários, em especial os Mbyá Guarani[1] que vivem no Sul do Brasil. Buscamos relacionar os seres e elementos que compõem a paisagem e estão presentes em suas narrativas de origem e nas formas construtivas que elaboram para habitar esta paisagem, ao transformarem seus componentes em arquitetura e lugares de convívio. Utilizamos uma abordagem etnográfica que inclui observações, diálogos e percursos pelas paisagens. Publicações de autoria indígena e não-indígena são referenciais teóricos interdisciplinares que auxiliam nossas reflexões. Compreendemos que a relação dos povos indígenas com a paisagem é ancestral, vinculando-se às suas memórias, narrativas e cosmologias. As formas construtivas por meio das quais habitam a paisagem revelam afeto e sentimento de pertencimento e parentesco com os elementos que dela fazem parte. Como conclusão, percebemos que a sabedoria vivenciada dos povos indígenas com relação à paisagem, desde tempos imemoriais, oferece ensinamentos para repensarmos nossa relação com o planeta como um todo. [1] Nota sobre a grafia dos termos indígenas: as palavras em línguas indígenas não possuem plural, portanto ao nos referirmos a um povo utilizamos maiúscula no singular (ex.: os Guarani); enquanto a utilização como adjetivo é em minúscula (ex.: escola guarani). Os demais termos têm como base o Léxico Guarani, de Dooley (2013). São respeitadas as formas utilizadas pelos autores guarani e, no caso de citações de outros autores, é mantida a forma utilizada por eles.

Keywords