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Os Quilombolas Monarquistas da Jamaica no Mundo Atlântico Britânico, 1740-1800

  • Ruma CHOPRA

DOI
https://doi.org/10.1590/0104-87752019000100008
Journal volume & issue
Vol. 35, no. 67
pp. 209 – 240

Abstract

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Resumo Este artigo investiga como uma comunidade de ex-escravos, os quilombolas de Trelawney Town, do norte da Jamaica, sobreviveu à escravidão e ao exílio, aliando-se aos interesses do Império Britânico. A Jamaica, como outras sociedades escravistas do Novo Mundo, produziu fugitivos, e quando esses escravos fugidos estabeleceram comunidades separadas e autônomas de longa duração foram chamados, em inglês, de Maroons e, em português, de quilombolas. O isolamento protegeu os quilombolas jamaicanos da escravidão, mas também os impediu de participar da prosperidade do Império Britânico em expansão. Em 1740, após anos de guerrilha contra a elite colonial, seis grupos quilombolas da ilha assinaram tratados nos quais aceitavam o regime da plantation, optando por usar sua experiência de guerrilha em benefício dos grandes proprietários, e não contra eles. Em troca de sua própria autonomia, tornaram-se caçadores de escravos e impediram outros escravos de estabelecer novas comunidades quilombolas. Porém, décadas de lealdade não evitaram que o maior grupo de quilombolas, o de Trelawney Town, fosse banido. Em 1796, após uma guerra violenta, o governo colonial deportou-os sumariamente para a Nova Escócia britânica. Depois de quatro anos ali, os 550 quilombolas de Trelawney Town foram transferidos para Serra Leoa. Apesar da deportação, eles continuaram a se ver como um grupo privilegiado na Nova Escócia e em Serra Leoa, e fizeram o possível para revitalizar sua lealdade ao rei, para se mostrarem como “amigos úteis” do Império. Suas ações revelam que o monarquismo popular do século XVIII era suficientemente elástico para funcionar sob condições drasticamente modificadas.

Keywords