Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

ENFRENTAMENTO DE SURTO POR SUPERBACTÉRIAS EM MEIO AO AUMENTO DA COVID-19 EM 2021

  • Jose de Ribamar Barroso Juca Neto,
  • Felipe Barreto Reis,
  • Miguel de Melo Desiderio,
  • Maria Gabriela de Vasconcelos Romero,
  • Marina Feitosa de Castro Aguiar,
  • Isaac Dantas Sales Pimentel,
  • Daniel Freire de Figueirêdo Filho,
  • Ana Carolina Oliveira Cavalcante,
  • Gabriel Oliveira Cavalcante,
  • Franklin Santos,
  • Larissa Pinheiro Barbosa,
  • Ariany Claúdio Lima Mota,
  • Rafael Vilanova Coelho,
  • Melissa Soares Medeiros

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 101944

Abstract

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Introdução/Objetivo: O Acinetobacter baumanii resistente ao carbapenem, ou CRAB, é uma bactéria resistente a medicamentos que se espalha em hospitais, principalmente em unidades de terapia intensiva. Pode causar pneumonia, bem como infecções em feridas, sangue e trato urinário, de acordo com o CDC. Essa bactéria representa uma ameaça para pacientes hospitalizados porque podem sobreviver em superfícies por muito tempo, podendo ser responsáveis por surtos. O principal objetivo do estudo foi a descrição de surto em hospital referência para tratamento de Covid-19 no Nordeste/Brasil. Métodos: Monitoramento do perfil microbiológico durante o período de pandemia pela Covid-19 em 2021, com reconhecimento de principais meses de detecção do Acinetobacter spp. e medidas de controle de surto, em hospital privado com 250 leitos sendo 60 de UTI. Resultados: No período da pandemia 2021 os meses com maior isolamento de Acinetobacter spp. foram de março a junho, sendo os antimicrobianos mais prescritos no hospital foram: Piperacilina/tazobactam (16%), Ceftriaxona (14%) e Meropenem (12%). Os Gram negativos representaram 71% dos patógenos isolados em 2020 e 60% em 2021, notando-se um aumento das infecções por fungos de 13% em 2020 e 24% em 2021 (sendo predomínio de não albicans 45/73). O Acinetobacter spp. foi isolado em hemoculturas (5,6% total positivas), culturas de material de vias aéreas (18,9% total positivas) e urinoculturas (1,4% total positivas). O perfil microbiológico evidenciou sensibilidade de 53% a amicacina, 5,3% a Piperacilina/tazobactam e Meropenem e, 88,9% a Polimixina B por microdiluição. No período de maior número de infecções nosocomiais houve escassez de polimixina o que modificou o tratamento de escolha para o tratamento de Acinetobacter spp., sendo recomemndada polimixina por 7 dias e se necessário prolongar terapia trocada para associação de Tigeciclina dose dobrada, Amicacina e Ampicilina/sulbactam dose triplicada. As medidas de isolamento por coorte dos pacientes infectados e aventais de uso único foram determinantes para contenção do surto. Conclusão: Durante a pandemia de 2021, o risco de infecções nosocomiais aumentou e, portanto, a utilização de maior número de antimicrobianos de amplo espectro, permitindo através da pressão seletiva o risco maior de surto por CRAB. O isolamento dos pacientes infectados e uso racional de antimicrobianos são as melhores estratégias para controle de surto por superbactérias.